SALMO 39 - Esperança em Deus

Salmo 39 Um Salmo de David com comentário de Dennis Edwards

Salmo 39:1 Disse eu: Guardarei os meus caminhos para não pecar com a minha língua; guardarei a minha boca com uma mordaça, enquanto o ímpio estiver diante de mim.

Vemos o exemplo de Jesus de permanecer em silêncio diante dos Seus acusadores quando é levado perante as autoridades seculares. Pilatos ficou admirado com o comportamento de Jesus e disse: “Não ouves quantas coisas testemunham contra ti?” Mas Jesus não respondeu uma palavra, “de modo que o governador ficou muito admirado”, Mateus 27:12-13.

O apóstolo Tiago alerta-nos para os perigos de uma língua imprudente. Diz ele: “Se alguém não tropeça com as suas palavras, o mesmo é homem perfeito e maduro, capaz de refrear todo o corpo”, Tiago 3:2. Continua escrevendo: “Quem é sábio e dotado de conhecimento entre vós? Mostre, por meio de um bom procedimento, as suas obras em mansidão de sabedoria,” Tiago 3:13.

Os oradores são os líderes, ou os líderes são os oradores. Precisam de saber como falar com o seu rebanho para poder guiá-lo no caminho que deve seguir. Precisam de ser capazes de controlar a língua e ter palavras sãs baseadas na verdade e no amor.

No Eclesiastes encontramos: “Não permitas que a tua boca faça pecar a tua carne”, Eclesiastes 5:6a. Jesus disse que daríamos conta de toda a palavra ociosa: “Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado”, Mateus 12:36-37. As nossas palavras são importantes, dão vida ou morte.

O apóstolo Paulo também comentou: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem”, Efésios 4:29.

O comentário de Job é: “Se eu me justificar, a minha boca me condenará; se eu disser que sou perfeito, ela também me provará perverso”, Job 9:20. Por vezes, a nossa melhor defesa é um espírito calmo e manso diante de Deus e dos homens.

A profecia de Isaías sobre o Messias dizia: “Foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca:  foi levado como um cordeiro ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca,” Isaías 53:7.

Em Provérbios encontramos conselhos semelhantes: “O insensato revela todo o seu pensamento, mas o sábio o guarda até depois”, Provérbios 29:11. “Até o insensato, quando se cala, é considerado sábio: e o que fecha os seus lábios é reputado por homem de entendimento”, Provérbios 17:28.

Salmo 39:2-3ab Com silêncio fiquei qual um mudo; calava-me mesmo acerca do bem; mas a minha dor se agravou. Escandesceu-se dentro de mim o meu coração; enquanto eu meditava acendeu-se o fogo;

Por vezes Deus não quer que fiquemos calados. Por vezes, quer que falemos em Sua defesa ou em Seu favor. O apóstolo Paulo escreveu: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar; porque a necessidade me é imposta; sim, ai de mim, se eu não pregar o evangelho”, 1 Coríntios 9:16.

No entanto, quando as nossas emoções estão à flor da pele, é geralmente melhor ficarmos quietos, para não deitar fogo ao fogo. Uma língua solta pode piorar as coisas, pois a língua é “um fogo, um mundo de iniquidade”, Tiago 3:6a.

Salmo 39:3c-5 Então com a minha língua, dizendo; Faze-me conhecer, ó Senhor, o meu fim, e qual a medida dos meus dias, para que eu saiba quão frágil sou. Eis que mediste os meus dias a palmos; o tempo da minha vida é como que nada diante de ti. Na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade.

David muda para um estado de espírito mais reflexivo e pergunta a Deus sobre a duração dos seus dias. Percebe que a sua vida é apenas um vapor, que fica aqui durante algum tempo e depois desaparece.

Salmo 39:6 Na verdade, todo homem anda qual uma sombra; na verdade, em vão se inquieta, amontoa riquezas, e não sabe quem as levará.

Jesus disse-nos que não nos devemos preocupar com o dia de amanhã. Ele disse: “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça; e todas estas coisas vos serão acrescentadas”, Mateus 6:33. Disse-nos para não acumularmos tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os destroem. Mas para acumular tesouros no céu, porque onde estiver o nosso tesouro, aí estará também o nosso coração”, Mateus 6:19-21.

Salmo 39:7-8 Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em Ti. Livra-me de todas as minhas transgressões; não me faças o opróbrio do insensato.

Um tema familiar nas orações de David é procurar o perdão pelos seus pecados, transgressões e iniquidades.

Salmo 39:9-10 Emudecido estou, não abro a minha boca; pois tu és que agiste, Tira de sobre mim o teu flagelo; estou desfalecido pelo golpe da tua mão.

Quando a mão de Deus pesa sobre nós através de alguma provação ou prova, muitas vezes permanecemos quietos. Podemos até ficar desanimados com a aflição, o problema ou a perseguição que estamos a enfrentar. No entanto, se nos pudermos agarrar a Romanos 8:28 e 1 Tessalonicenses 5:18 nesses momentos, Deus transformará tudo o que estamos a passar em algo bom para a nossa alma e caráter.

Quando confiamos em Deus e até Lhe damos graças na nossa aflição, estamos a mostrar que temos fé. Sem fé é impossível agradar a Deus. A nossa fé no meio das dificuldades da vida é o que agrada a Deus. Portanto, tudo o que Deus permite nas nossas vidas é para o nosso bem, e embora por um momento possa não “parecer motivo de alegria, mas sim de tristeza, depois, contudo, produz fruto pacífico de justiça para aqueles que por ela têm sido exercitados”, Hebreus 12:11.

O Senhor admoesta-nos: “Portanto, levantai as mãos cansadas e os joelhos vacilantes;” Hebreus 12:12a. Ele não quer que caiamos no desânimo e na autocomiseração durante os nossos períodos de provação. É por isso que diz: “Em tudo dai graças”. Precisamos de usar a arma do louvor extremo e repreender o inimigo que é o autor da nuvem de negatividade sobre as nossas cabeças durante os momentos de provação.

O escritor de Hebreus continua a aconselhar-nos. “E faça caminhos direitos para os seus pés.” Por outras palavras, talvez os nossos pés estivessem no caminho errado, não de acordo com a palavra de Deus, que é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho, Salmo 119:105. Deus quer que nos endireitemos e caminhemos no caminho reto e estreito que conduz à vida eterna, em vez do caminho largo que conduz à destruição.

“Para que o que é coxo (ou doente ou desanimado) não seja afastado do caminho; mas que seja curado (ou fortalecido ou encorajado). Segui a paz com todos (isto é, não guardeis rancor, mas perdoai de coração, e sede a paz entre vós), e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor; para que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos sejam contaminados”, Hebreus 12:13b-15.

Se deixarmos a amargura entrar nas nossas vidas, porque não podemos confiar em Deus para lidar com as coisas aparentemente más que nos acontecem; corremos o risco de ter pensamentos errados e, como resultado, de ter os nossos corações escurecidos, Romanos 1:21. Ou será melhor ou ficará amargo. Ou ficará grato ou amargurado, um ou outro. A amargura surge porque não acreditamos que Deus possa transformar aquele acontecimento horrível das nossas vidas em algo bom. Amargura é falta de fé e confiança em Deus. Combata a amargura através da oração, da ação de graças e do louvor.

Salmo 39:11 Quando com repreensões castigas o homem por causa da iniquidade, destróis, como traça, o que ele tem de precioso; na verdade todo homem é vaidade.

As correções de Deus, ou o que quer que Ele permita que aconteça nas nossas vidas, podem de facto fazer-nos coxear como Jacob/Israel que lutou com Deus. O nosso homem exterior pode estar a perecer, mas se formos gratos, o homem interior será renovado de dia para dia, 2 Coríntios 4:16.

O apóstolo Paulo continuou escrevendo: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação (ou problema, ou doença), produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória; enquanto não atentarmos nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as coisas que se vêem são temporais; mas as coisas que se não vêem são eternas”, 2 Coríntios 4:17-18. Por outras palavras, mantenha os olhos no céu.

Salmo 39:12 Ouve, Senhor, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao meu clamor; não te cales perante as minhas lágrimas, porque sou para contigo como um estranho, um peregrino como todos os meus pais.

David, como os seus antepassados ​​sabiam, era um estrangeiro e um peregrino na terra. O apóstolo Pedro chamou aos primeiros seguidores de Cristo “estrangeiros e peregrinos”, 1 Pedro 2:11. O autor de Hebreus descreve os pais da fé da mesma forma. “Todos estes morreram na fé, sem terem alcançado as promessas; mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra”, Hebreus 11:13.

Salmo 39:13 Desvia de mim o teu olhar, para que eu tome alento, antes que me vá e não exista mais.

Quando passamos por algo, seja doença, aflição ou perseguição, e caímos no desânimo por causa da nossa condição, sentimos que vamos morrer. Podemos rezar como David, pensando que estamos no fim e que a nossa vida acabou. No entanto, geralmente não é esse o caso e Deus envia alívio, cura, resgate e força renovada.

“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tenham por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos cheguem ao arrependimento”, 2 Pedro 3:9. “Vós, pois, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos também de que, pelo erro dos homens perversos, sejais arrebatados e descaiais da vossa firmeza. Mas crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele a glória agora e para sempre. Amém”, 2 Pedro 3:17-18.