O tempo estava se esgotando. Era véspera de Natal, já dia 24, e eu ainda não sentia aquela sensação mágica—o espírito do Natal. Fizera tudo que achava que produziriam isso, assisti à apresentação de canções de Natal dos meus filhos na escola, enfeitamos nossa árvore, assei diferentes refeições, fiz compras, embrulhei presentes. No entanto, nada parecia despertar o espírito natalino dentro de mim. Eu tinha me conformado com o fato de que este Natal talvez não seria grande coisa.
Meu marido, Steve que é bombeiro, estava em seu turno rotineiro de 24 horas no Corpo de Bombeiros, ou seja, ele não estaria em casa na véspera nem na manhã de Natal. Nossos quatro filhos e eu não víamos a hora de passar um tempinho com ele quando possível, então fomos ao seu local de trabalho.
Quando chegamos, os bombeiros haviam acabado de retornar de um atendimento de socorro em um motel próximo, onde atenderam um menino com febre e outros sintomas. Meu marido nos comunicou sua preocupação e desejo de fazer algo mais pelo menino, seu irmão e sua mãe. Eles haviam fugido de uma situação de abuso de álcool e estavam a centenas de quilômetros de casa, com uma muda de roupa cada, pouco dinheiro e agora uma criança doente em plena véspera de Natal.
Steve olhou para mim e para cada um dos nossos filhos e perguntou: “O que mais podemos fazer para ajudá-los? Na volta para o Corpo de Bombeiros, nós compramos um pinheirinho que queremos enfeitar para dar para eles. Mas o que mais podemos fazer a esta hora?” Eram 21h25. Nossos filhos começaram a dar um monte de ideias. Minha filha tinha certeza de que devia haver alguma loja de brinquedos aberta.
Meu filho mais velho, então com quinze anos, fez uma oração e pediu ao Pai Celestial que nos guiasse a um lugar onde encontraríamos os presentes que precisávamos. Isso encheu as crianças de esperança de que talvez ainda encontrássemos uma loja de brinquedos aberta. Eu não compartilhava da esperança deles, principalmente porque, mesmo se isso acontecesse, eu não sabia como pagaríamos pelos presentes. Eu queria compartilhar tanto quanto meus filhos, mas este já estava sendo o Natal mais magro de todos.
Nossos próprios filhos estavam recebendo apenas dois presentes cada. Ainda assim, saímos animados à procura de uma loja aberta e com planos de encontrar Steve e os outros bombeiros no quarto do motel antes que a pequena família voltasse do hospital, onde tinham ido buscar medicamentos.
Todas as lojas que vimos estavam fechadas. Então um dos meus filhos disse: “Ei, eu conheço um lugar que está aberto”.
“Verdade! E os presentes lá já estão embrulhados!” declarou o outro filho.
Sem saber do que eles estavam falando, parei o carro no meio-fio e, frustrada, perguntei às crianças: “Tá bom, e onde fica esse ótimo lugar?”
Eles deram uma resposta tão entusiasmada e genuína que imediatamente acendeu em mim a chama do espírito natalino. “Podemos ir para a nossa casa”, disseram juntos. “Os presentes já estão embrulhados e debaixo da árvore.”
Perguntei a cada um se realmente queriam fazer isso, e a resposta foi enfática: “Sim! Sim! Vamos logo!” Assim que chegamos à casa, observei maravilhada enquanto cada um retirava as etiquetas com os nomes de seus presentes e pegava diferentes enfeites da nossa árvore. A princípio, fiquei surpresa ao ver que escolheram os enfeites que eles próprios haviam feito ao longo dos anos. Então percebi que estavam se doando, e isso tinha um valor muito especial.
Dois dos meus meninos vieram do quarto com suas estimadas luvas de beisebol das quais tanto se orgulhavam. Colocamos os presentes no carro, algumas luzes da árvore e doces e guloseimas que eram para as botinhas de todos na família, e fomos para o motel. O gerente nos levou ao quarto, um lugar simples, sem nada, e começamos a trabalhar com os bombeiros, que também tinham trazido diferentes coisas. Colocamos a árvore em cima da mesa e a decoramos com luzes e enfeites. Alguns dos bombeiros penduraram barras de chocolate e notas de vinte dólares com clipes de papel. Havia presentes debaixo da árvore, alimentos enlatados empilhados em um canto e roupas para a mãe e os filhos dobradinhas na mesa de cabeceira. — Nem parecia o mesmo quarto.
Em cada um dos travesseiros da cama estava uma luva de beisebol um tanto usada dos nossos meninos. Vi meu filho de quinze anos colocar entre elas um de seus bens mais valiosos—a bola usada no jogo quando ele fez um home run. Eu duvidava que os menininhos que iam ganhar esses presentes poderiam entender o sacrifício daquele ato ou que aquela bola teve um lugar de honra no quarto do meu filho nos últimos seis meses. Mas naquele momento vi que o espírito de Natal brilhava intensamente no coração do meu filho, iluminando aquele pequeno cômodo mesmo depois de desligarmos todas as luzes, exceto as que reluziam como diamantes na árvore.
Eu tinha quase desistido de encontrar aquele precioso espírito do Natal. Mas ele me foi dado por meu querido marido que reconheceu uma necessidade quando a viu; por meus filhos que prontamente responderam e pelo meu Salvador, cujo amor por toda a humanidade serve de lembrete de que nunca terei que ficar sem o espírito de Natal novamente. Percebi, mais do que nunca, que o espírito de Natal vem até nós quando nos doamos.[1]
[1] Fonte: http://myfavoritechristmasstories.blogspot.com/2020/12/finding-christmas-spirit-by-sandi.html
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