Nos últimos meses, tenho pensado nos primeiros discípulos e algumas das mudanças que vivenciaram no início de sua caminhada de fé. Passaram uns três anos e meio com Jesus, compartilhando das coisas grandiosas que Ele fez, ouvindo-O pregar, ensinar e contar parábolas, e vendo-O fazer milagres.
Viviam uma vida incrivelmente emocionante, muito diferente das pessoas comuns. Tinham um relacionamento especial com Jesus. Ele os ensinava pessoalmente. Participavam de Seu ministério. Conviviam com Ele. Sabiam que havia apenas cinco pães e dois pequenos peixes, mas distribuíram o suficiente para alimentar 5 mil pessoas; e em outra ocasião sete pães e uns poucos pequenos peixe alimentaram 4 mil pessoas. Dá para imaginar como isso deve ter sido incrível?
Viajar com Ele, aprender com Ele, ouvir revelações diretamente de Sua boca, vê-lO curar os enfermos, sendo desafiado e desafiando os escribas e fariseus, expulsar os cambistas e ressuscitar os mortos deve ter sido eletrizante. Isso sim é um estilo de vida impressionante!
A expectativa era que a vida continuasse assim até que Jesus se tornasse rei, quando então estariam ao Seu lado revestidos de poder e honra. É por isso que discutiam, provavelmente até brigavam, sobre quem dentre eles seria o maior no reino e quem sentaria à Sua direita. Afinal, como Ele Se tornaria rei, eles teriam prestígio e influência. As pessoas buscariam sua proteção e favores. Seriam ricos, famosos e importantes. Eles seriam poderosos.
Quando finalmente chegaram a Jerusalém, as multidões espalharam seus mantos e ramos no chão e Jesus, montado em um jumento, entrou na cidade. O povo gritava: “Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor!"[1] Que emocionante! Imaginem a expectativa dos discípulos. Parecia que o futuro estava garantido, que tudo ia bem e que ficaria cada vez melhor.
Então... Surpresa! Jesus foi preso!
Menos de 24 horas mais tarde Ele estava morto! Que choque! Tudo muda de um dia para o outro. Todas as esperanças dos discípulos ficam destroçadas, o estilo de vida com o qual se acostumaram e suas expectativas para futuro foram destruídos. Acabou! Tudo mudou. Todo o ambiente, toda a cultura, tudo que tinham foi embora! Deve ter sido terrivelmente difícil. Não dá nem para imaginar o que eles passaram. Eles não entendiam o que estava acontecendo, ficaram com medo e se esconderam.
Claro que, três dias mais tarde, Ele estava com eles novamente. Imaginem a alegria! Jesus passou então quarenta dias explicando as Escrituras aos discípulos, e eles começam a entender os desafios que estavam enfrentando, bem como a tarefa que tinham pela frente.
Então, Jesus ascende ao céu e, dias mais tarde, o Espírito Santo desce sobre eles, e dá início a uma explosão de testificação. Passaram a pregar com grande poder. Cinco mil convertidos em um dia e três mil no próximo. Estão em Jerusalém, com muitos novos discípulos os quais ensinam e treinam. Recebem as pessoas novas, estão juntos, compartilham todas as coisas, vivem Atos 2:44–45: “E todos os que criam estavam juntos.” Com o tempo alguns problemas começam a surgir. As pessoas começam a resmungar e reclamar. É preciso algum tipo de estrutura: elegem diáconos para ajudar a cuidar dos problemas pessoais, estabelecem regras, etc.
Jesus os havia incumbido de ir por todo mundo, fazer discípulos de todas as nações. Disse que depois que o Espírito Santo viesse, seriam testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra.
Começaram em Jerusalém, e pelo que parece estavam bastante ocupados com tantos novos convertidos. Demorou para começarem a ir por todo o mundo. Ao ler o livro de Atos é fácil ficar com a impressão de que essas coisas aconteceram rapidamente. Que eles estavam em Jerusalém se enchendo do Espírito Santo e algumas semanas mais tarde na Antioquia, e pouco tempo depois o Apóstolo Paulo já estava levando o Evangelho para a Turquia e Grécia. Mas, na verdade, demoraram anos. É muito provável que havia coisas que eles tiveram de aprender enquanto trabalhavam juntos para ensinar, treinar e cuidar de todos aqueles convertidos, as quais os ajudariam a realizar o trabalho que teriam quando não estivessem todos juntos.
Chegou o momento em que eles tiveram de se dispersar, quando os discípulos tiveram de ir a outras terras e povos. Viveram e trabalharam juntos por anos, tinham uma história em comum, eram amigos, camaradas de lutas, e agora havia chegado a hora de se separarem, de se mudarem e levar o Evangelho a novos horizontes.
As coisas mudaram. Chegara a hora de partir, de ir embora, alguns sozinhos; outros, em pequenos grupos, para lugares onde o cristianismo não existia, onde as pessoas não haviam ouvido falar de Jesus. De certa forma, precisavam começar tudo de novo. Mudar para longe de seus amigos e sem o apoio de uma grande comunidade. Tiveram de começar do nada, conhecer pessoas, testificar para elas, edificar um trabalho do zero. Deve ter sido terrivelmente solitário. Deve ter sido um grande desafio. Deve ter sido muito diferente do que eles estavam acostumados. Mas foram esses homens e mulheres que levaram o Evangelho aos lugares que Deus lhes mostrou, e que fizeram que os ensinamentos e a mensagem de Jesus se espalhassem por todo o mundo.
Eles testificaram, pregaram, ensinaram, venceram, construíram comunidades, e a fé continuou em frente. Tinham de fazer o que podiam todos os dias para levarem a fé para outras pessoas. E foi o que fizeram. Era diferente de antes. Provavelmente mais difícil e, sem dúvida, levou algum tempo para começarem de novo, para se ajustarem às mudanças; mas estavam determinados a fazer sua parte, a realizar a missão onde Deus os guiasse.
Ele ainda chama Seus seguidores a pregarem o Evangelho e fazer discípulos. Ele quer usá-lo para ganhar o seu mundo. Onde quer que você esteja, em seja o que for que Ele tenha lhe chamado para fazer, você pode alcançar o seu mundo, as pessoas ao seu redor e aquelas que encontrar no seu caminho.
O Senhor quer que você use seus dons de forma que você possa brilhar para valer. Você possui dons, talentos e habilidades que lhe são únicos, que formam quem você é. Deus quer que você os use para a Sua glória, para o bem dos outros, para mudar o mundo deles e o seu.
Algumas pessoas têm dons musicais, outras têm jeito para negócios, ou sabem cuidar fisicamente dos demais; algumas são boas em ouvir, outras desfrutam de hobbys que proporcionam oportunidades para conhecer pessoas. Seja qual for o seu dom, talento ou desejo, o Senhor pode usar isso como um meio para ajudá-lo a alcançar os outros com o Seu amor e Sua mensagem. A liberdade de permitir que Ele o guie para onde e para o que Ele quer, deixa você em uma posição muito melhor para Ele usar os talentos que Ele lhe deu. Para muitos, as mudanças na Família geraram oportunidades melhores e mais personalizadas de evangelizar.
Além de tornar seus talentos bênçãos para os outros, Ele quer que sejam bênçãos para você também. Dizem que o trabalho ideal é aquele no qual você pode usar os seus dons, fazer aquilo que faz bem e que desfruta fazer. Existe melhor forma de realizar a missão do que combinando seus talentos para levar as pessoas para o Reino dos Céus?
Ele lhe deu os talentos e o chamou para, enquanto discípulo e cristão, alcançar outras pessoas. Fomos chamados para compartilhar as boas novas com outros. Sua missão pode ser em sua cidade natal. Pode ser em um campo de missão distante. Você foi chamado ao “mundo” para o qual Ele o guiou, para as pessoas com as quais você interage, seja no trabalho, no parque com seus filhos, ou até mesmo os seus filhos, ou em ministério em tempo integral. Seu chamado é para alcançar as pessoas no seu mundo, aquelas com as quais entra em contato, que talvez tenham os mesmo interesses ou pertençam ao mesmo “clube” que você.
Não importa o lugar para o qual Deus o guiou em sua vida, o mundo a sua volta é seu campo de missão. Isso não quer dizer que você vá se envolver em um ministério em tempo integral, mas, conforme interage com elas, surgirão oportunidades para conhecer pessoas para as quais ministrar, pelas quais orar, influenciar para o bem, levar a salvação, ensinar e treinar.
Imagino que quando os discípulos saíram, mais sozinhos do que antes, se sentiam solitários e se perguntavam como conseguiriam fazer uma diferença. Foi difícil, provavelmente desanimador, mas eles testificaram, pregaram, ensinaram e ganharam outras pessoas para o Senhor, e com o tempo, construíram comunidades de crentes. Formaram novas redes de relacionamento, novas amizades, influenciaram as pessoas ao seu redor e, por terem feito o que podiam dia após dia, ano após anos, o cristianismo cresceu e passou de geração em geração.
Talvez se sentiram sozinhos, mas não estavam. Talvez você se sinta sozinho, mas não está. O Senhor está com você, e se você O estiver seguindo, indo aonde Ele quer que você vá, fazendo o que Ele lhe diz, então pode estar confiante de que Ele estará com você em qualquer situação. Ele quer e vai usá-lo para fazer uma diferença em seu mundo.
Deus quer que você faça uma diferença em seu mundo. Você tem essa oportunidade ao fazer o que Ele lhe chamou para fazer, vivendo como Ele lhe chamou para viver, deixando sua luz brilhar, influenciado as pessoas ao seu redor, plantando sementes de fé nas vidas das pessoas, e fazendo discípulos daqueles que se sentem chamados. Talvez demore um pouco, mas fazer sua parte todo o dia é o que vai ajudá-lo a mudar o mundo à sua volta, a mudar os corações das pessoas que o Senhor trouxe para sua vida. Esse é o nosso chamado. Essa é a missão.
Publicado originalmente em outubro de 2011. Adaptado e republicado em janeiro de 2014. Tradução Denise Oliveira. Revisão Hebe Rondon Flandoli.
[1] Marcos 11:9–10.
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