Alimentando as Ovelhas de Deus

D. Brandt Berg

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Já assisti a filmes na televisão até à metade para então perceber que já havia visto antes, porque a atuação tão leve e superficial havia me impressionado muito pouco. Esse tipo de entretenimento superficial é tão inexpressível que não dá nem para lembrar no dia seguinte, apesar de todos os recursos audiovisuais. Que Deus nos livre de sermos culpados de atuações assim inexpressivas ao testemunharmos, pregarmos e ensinarmos! Até o nosso ensino pode ser cheio de vida no Espírito, despertar as pessoas e mudar vidas!

Cada aula, cada testemunho, cada canção, cada trabalho, deve ser cheio com o Espírito. Denomine o que quiser—inspiração, carisma ou Espírito—o nosso serviço para o Senhor tem que ter algo que dê vida a você e aos outros, que o incite a agir! E acima de tudo, o maior de todos é o amor. Nosso testemunho, ensinamento, pregação, doação e todas as nossas obras devem ser cheios com amor. De outra forma se tornarão como o sino que ressoa e o prato que retine. Tem de se tratar de amor e misericórdia, senão vai falhar e dar em nada.

As coisas pequenas podem ser muito importantes! Já lhe aconteceu de uma palavrinha ou sorriso, ou um pensamento o marcarem de tal forma que o Senhor usou isso para alegrar todo o seu dia, ou o ajudou a ganhar a vitória sobre alguma coisa, ou tomar uma decisão difícil com relação a algo que o Senhor queria que fizesse? Isso já me aconteceu algumas vezes. As coisas pequenas são muito importantes! Nunca as subestime e ao encorajamento que elas podem ser para aqueles que as recebem.

Mesmo no caso de erros e fracassos aparentes, lembre-se da parábola do filho pródigo e o amor incondicional e a misericórdia do Pai. Apesar de ter perdido seu direito de primogenitura e sua herança, o filho pródigo não perdeu seu lugar como um filho à mesa do Pai e ainda assim foi honrado, ganhou um anel, um novo manto, e o novilho gordo, bem como uma grande festa em agradecimento pelo seu retorno.

Ele não perdeu tudo e teve que começar do zero. Ainda foi homenageado como um filho e lhe foi demonstrado muito amor e alegria por parte do Pai, e houve até festa e dança pelo seu retorno. “Tempere o vento para o cordeiro tosquiado e recebei a ele, mas não para disputas e discussões, mas como um irmão; pois embora fraco, para seu próprio senhor ele está em pé ou cai! Então, quem és, que julgas o servo alheio? Deus é capaz de fazê-lo permanecer.”[1]

Jesus dificultou para novos discípulos juntarem-se ao Seu movimento? E os três mil no Dia de Pentecostes? E os cinco mil poucos dias depois? Por acaso passaram por um período de provas, um teste difícil ou uma sessão de purificação para desencorajar a todos com exceção dos mais fortes? Com certeza a Igreja Primitiva parecia dar uma chance a todos.

Jesus não tinha seguidores fracos? Ele ainda assim os manteve, teve paciência com eles, e suportou suas fraquezas até eles crescerem e serem fortalecidos pelo Seu Espírito. Hebreus 12:12–13 diz, “Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja não se desvie inteiramente (fique desencorajado), antes seja sarado.”

Eis que até “os coxos dividirão a presa.”[2] Os homens mais deficientes no mundo tornaram-se os maiores heróis! Meu avô costumava pregar sobre as vantagens das deficiências, e apontava para muitos grandes homens e mulheres que tinham sérias deficiências, como Albert Einstein, Alexander Graham Bell, Thomas Edison, Beethoven e Helen Keller, para mencionar uns poucos.

Nenhum de nós jamais conseguiria ser e fazer o que precisamos sem o Senhor e a Sua misericórdia. O Senhor diz: “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia,”[3] e, “Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.”[4] Quantas vezes este versículo me encorajou, e quantas vezes eu não me agarrei a esta Palavra: “O que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora!”[5] Na verdade, Jesus disse: “Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos, e os cegos,” e a cada um de Seus seguidores Ele ordenou: “Vá pelos caminhos e valados e obrigue-os a entrar, para que a minha casa fique cheia.”[6]

Certa vez, no final de uma reunião de missão, uma pobre prostituta dependente química veio até o púlpito e agarrou no braço da minha mãe até suas unhas deixarem uma marca em sua pele, dizendo: “Você disse que tudo o que eu tenho que fazer é receber Jesus? É só isso? É só aceitar Jesus e Ele vai fazer todo o resto? Diga-me rápido! Minha mente está muito confusa pelas drogas, e o meu corpo muito fraco por causa da prostituição, já não consigo entender as coisas. Não consigo fazer mais nada. Eu só preciso receber Jesus?”

Minha mãe respondeu com amor: “Sim, querida, isso é tudo o que você tem que fazer—apenas aceitar Jesus e Ele fará todo o resto.” E esta pobre alma perdida disse que aceitaria. Quando a minha mãe perguntou se ela queria que a acompanhasse para buscar seus pertences, ela respondeu: “Não, eu não quero nada da minha antiga vida! Eu só quero Jesus.”

Foi então que o Exército da Salvação passou, e de repente aquele corpo desgastado se aprumou, saiu pela porta e os seguiu. Aquela pobre coitada, um mero destroço de humanidade, um pedaço de lixo no mar da vida, jogado de uma parte para outra, finalmente lançou os seus pesos sobre a Rocha, Cristo Jesus! E o Exército da Salvação a recebeu. Ela só viveu mais dois anos, mas ficou conhecida como o anjo da rua assim assado. Sua história é um testemunho de como Deus pode usar a menor e mais fraca das filhas dentre os filhos dos homens. E ela se tornou uma bênção, com certeza um anjo para a vizinhança onde morava, ganhando muitos corações com o amor de Deus.

Só Deus na Sua misericórdia poderia fazer algo com qualquer um de nós! Como não haveríamos de consolar os outros com o consolo com que fomos consolados? Como não estender a outros a misericórdia que Deus nos dispensa? Como podemos nos esquivar de qualquer pessoa que venha a nós em busca de ajuda? Quem irão procurar? Só o Senhor tem as palavras de vida eterna para qualquer pessoa, e para todas, inclusive as piores!

Ele muitas vezes chamava os desajustados da sociedade e aqueles com maior probabilidade de não obterem sucesso. E, no entanto, pelo poder e graça milagrosos de Deus, tornam-se luzes resplandecentes para os filhos dos homens—raios de esperança para as pessoas desesperadas. Quantas vezes não nos agarramos ao exemplo do velho rei Davi em busca de esperança, apesar de ele, na sua hipocrisia, ter sido um homicida e adúltero, e não dizemos a nós mesmos: “Se Deus pode perdoar a ele, certamente pode perdoar a mim também.”

Esses “maus exemplos” dão esperança em Deus àqueles que se sentem perdidos e desamparados. Por favor, não rejeitemos aquele que está buscando a verdade, buscando respostas, ajuda, e o amor de Deus. Jesus deu a todos uma chance e mostrou-lhes o caminho para a vida eterna. Como podemos mandar alguém embora? “E, Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos.”[7] Vamos ser gentis com Seus cordeirinhos e demonstrar a Sua misericórdia aos outros.

O Senhor o ajudou quando você estava perdido e sozinho e sentia-se indesejado e um náufrago no mar da vida. Talvez sentisse como se ninguém mais o quisesse, mas o Senhor o queria e o levou ao Seu redil. Ele o amou tanto que deu a vida por você. E um de seus últimos mandamentos foi: “Amas-Me? Apascenta as Minhas ovelhas.”[8]

Publicado originalmente em fevereiro de 1971. Adaptado e republicado em julho de 2016.

[1] Ver Romanos 14.
[2] Isaias 33:23.
[3] Êxodos 33:19, NVI.
[4] 1 Coríntios 1:25–29.
[5] João 6:37.
[6] Lucas 14:16–24, NVI.
[7] Mateus 14:14.
[8] João 21:15–17.