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Wednesday, June 4, 2014

Testemunhando em um Lar para Idosos

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De Maria Iceland

Descobri que o Senhor muitas vezes usa os momentos difíceis para abrir o coração das pessoas. Podemos ter a chance de verdadeiramente testemunhar nessas circunstâncias. Talvez nos encontremos orando em silêncio por alguém que está passando por momentos difíceis. Mas também podemos usar a oração como uma oportunidade para testemunhar. Apesar da oração mudar as coisas, pedir a Deus não é algo do qual muitas pessoas dependem, então nos ouvir orar faz uma diferença para elas.

Trabalho como enfermeira em um lar para idosos. Muitas vezes cuido de pacientes que estão morrendo. Na verdade, a morte é a única maneira de nossos pacientes receberem “alta” por aqui, de modo que o meu trabalho envolve essa última etapa na vida deles. Nesses momentos muitas vezes fui abençoada com a oportunidade de falar ao paciente sobre o que vai acontecer e também de me aproximar dos parentes. Em um lar para idosos a morte raramente acontece de repente. Geralmente há muito tempo para se preparar, e muitas vezes começa logo depois que a pessoa se muda para o local. Quando o processo da morte começa, o paciente e seus parentes estão abertos para falar sobre o assunto. Não tem problema fazer perguntas diretas sobre o que acreditam. Na verdade, descobri que vão tentar o melhor que podem responder a uma enfermeira que fala abertamente sobre a morte.

Quando um paciente morre, vários membros da família geralmente aparecem. Antes de sua chegada, e de modo geral antes do paciente morrer, teremos discutido o que fazer. Perguntam-lhes se querem um pastor. Como muitos islandeses não são frequentadores de igreja, costumam não saber o que responder. Muitas vezes me perguntam: “O que você acha?” ou “Será que ele (ou ela) ia querer isso?” ou “Como geralmente fazem?”

Eu lhes digo que depende deles, mas que geralmente a família só chama o pastor em caso de morte súbita e a família esteja lidando com o choque. Já outros gostam de fazer isso e têm fortes convicções a respeito. As pessoas geralmente ficam bem receptivas nessas horas. Talvez digam: “Ora, talvez fosse bom fazer algo e dizer algumas palavras.”

É então que eu me ofereço. A primeira vez em que falei na morte de alguém, foi muito difícil. Eu disse:

“Se quiserem, posso entrar no quarto com você e dizer algumas palavras para a sua família.” E logo depois fiquei pensando: “Minha nossa! O que foi que eu disse?” Eu me perguntava se aquilo era sequer permitido. Mas é. Não existem regras ou regulamentos proibindo. Os parentes simplesmente concordaram. “Você sabe fazer isso?” “Claro!” Respondi.

Os membros da família entraram no quarto. Fizeram um círculo ao redor da cama e deram as mãos. Eu me dirigi ao Senhor e comecei a Lhe agradecer pela maneira gentil e calma que Ele havia levado o paciente, e que ele não sofreu nenhuma dor. Agradeci a Jesus pela família e pela vida que o paciente tivera. Agradeci ao Senhor pelo privilégio de conhecê-los, e pedi que cuidasse cuidar deles, abençoasse a família nesse momento difícil, e os ajudasse a cuidar dos muitos e importantes detalhes relacionados ao enterro, lhes dar forças e fé, e ajudá-los a se tornarem uma família ainda mais unida. Orei de uma maneira muito pessoal, e eles sentiram que eu me referia a Jesus como um amigo pessoal nosso, deles.

Cada vez faço de um jeito diferente. Se há jovens chorando eu tento fazer uma oração mais curta, porque não consigo segurar o choro. Às vezes uso a palavra “Jesus” mais vezes, ou digo “Senhor”, no caso de uma família que frequentadora igreja. Meu pai era pastor, por isso eu sei falar como um deles, se a família preferir. Na verdade, é o Senhor que faz o trabalho! Se vejo que não havia um relacionamento próximo com o doente, oro para que a família seja fortalecida e foco menos na pessoa que faleceu. Tudo depende das pessoas envolvidas, e é o Senhor que age através de mim.

Muitas vezes me surpreendo com as palavras que saem da minha boca durante a oração, e tenho muita dificuldade em lembrar o que disse depois. Sinto o Senhor tão forte e tenho dito algumas coisas em oração que parecem tocar as pessoas. Elas sempre ficam muito gratas e comovidas. Antes de começar a oração, sempre sinto o meu coração batendo nervosamente. Sei que é um momento que a família lembrará. Sei que eles não têm expectativas. Simplesmente fluem com a coisa, e uso essa oportunidade.

Lembro-me de uma vez em que tinha três pessoas bem sucedidas no quarto, um advogado, um músico da orquestra sinfônica e um membro do parlamento. Estavam dando as mãos em círculo comigo ao redor do leito. Essa família tão importante e orgulhosa simplesmente me deixou guiar. Ai, que nervoso! Mas quando falei, senti que foram tocados. Eles choraram; afinal tinham acabado de perder o pai. Eles eram iguais a todos.

De todas as vezes que pude testemunhar, esses momentos nos quais fiquei de mãos dadas ao redor de um leito com pessoas a quem Jesus ama e orei por elas, foram alguns dos mais especiais para mim. Para quem não tem fé a morte é algo assustador e muitas vezes triste. Tenho condições de usar esses momentos difíceis para testemunhar. Posso ser force pelos outros, quando eles ficam prostrados. Digo o nome de Jesus, e falo dEle com naturalidade. Quem sabe? Esta pode ser a semente que vai mudar suas vidas.

Nossas palavras são muito poderosas, se deixarmos fluir as Suas palavras, se nossos lábios forem os Seus lábios, e nosso trabalho for para a glória de Deus.

Tradução Denise Oliveira. Revisão H.R.Flandoli.

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