A nossa vida parece que se passa em ciclos. Têm os períodos quando estamos numa boa e o Senhor nos enche de bênçãos, e outros quando as coisas dão errado, nossa fé é colocada à prova e é impossível deixarmos de indagar onde erramos.
Desde que a nossa filha mais nova foi para o Céu, o Senhor tem sido bem terno conosco, fazendo muitas coisas para nos encorajar, pois sabe como nos sentimos fracos. Ele abençoou o nosso trabalho no Congo, e apesar dos desafios constantes, ficamos impressionados com tudo que Ele realiza, com as vidas transformadas e todo o progresso que temos feito.
Alguns meses atrás, quando tivemos que deixar nossa confortável moradia, me veio à mente a seguinte pergunta: “Senhor, o que Você está fazendo? Está fechando a porta para nós aqui no Congo?” Mas Ele logo abriu uma outra porta e supriu condições de fazermos uma viagem à Europa, onde tinha nos reservado uma grande surpresa: um apartamento de graça de frente para a praia, para podermos descansar e nos reabastecer. Uma outra bênção depois dessa foi a oportunidade de visitar nossos netos e desfrutar por mais um tempo da Sua maravilhosa criação, além de termos um muito apreciado convívio com membros de AFI. Certamente não nos sentíamos merecedores dessas bênçãos, e nossos corações estavam repletos de louvor por vermos o Senhor cumprir a Sua promessa em Romanos 8:28.
Depois disso teve início um novo ciclo, e os problemas voltaram. Nossa filha mais velha sofreu uma fratura na perna e o osso não colava. Ela teria que ficar imobilizada indefinidamente. Nossos bilhetes de volta para o Congo não eram reembolsáveis, mas o Senhor tocou os corações de diferentes pessoas e conseguimos transferir o meu bilhete para outro voo. Dom voltou sozinho para o Congo e fiquei para cuidar da nossa filha, pensando que seriam apenas algumas semanas.
Foi difícil tomar essa decisão, porque Dom é diabético e também precisava de alguém para cuidar dele, preparar suas refeições e ajudá-lo a seguir a dieta. Pensar nele sozinho no Congo, com todo o trabalho a ser feito, inclusive mudar para uma outra casa, era, no mínimo preocupante. Mas depois de buscarmos o Senhor, Ele nos deu paz de que eu devia permanecer na Europa.
Dom ia voltar com um equipamento caro e muito necessário para o nosso trabalho, por isso pedimos para as pessoas na AFI orarem, e rogamos aos anjos de Deus que protegessem a bagagem. Mas nem uma só mala que foi despachada chegou ao destino. Eu estava perplexa. “Senhor, o que está acontecendo? Tínhamos orado especificamente por proteção da bagagem. O que aconteceu?” Tentamos nos tranquilizar pensando que provavelmente chegariam no voo seguinte. Mas não chegaram. Então comecei a questionar de novo: “Senhor, por acaso estamos fora da Sua vontade? Você quer que a gente saia do Congo?”
Lembrei-me das histórias de Otto Koning, que quando tinha algum problema com suas coisas, suas posses, abria mão de tudo e entregava ao Senhor, depois ficava observando enquanto Ele endireitava as coisas e fazia milagres. Por isso disse ao Senhor: “Jesus, Você sabe o que está dentro daquelas malas. É tudo Seu. É tudo para o Seu trabalho, então faça o que achar melhor com tudo aquilo. Se quer que aqueles itens cheguem ao Congo para ajudar as pessoas, leve as malas até o seu destino. Mas se Você tem um outro plano, fica por Sua conta”. Deixei nas mãos do Senhor, mas devo admitir que estava triste. Três dias depois as malas chegaram. Obviamente tinham sido abertas e o trinco de uma delas estava quebrado, mas o conteúdo estava intacto. Se você conhece a África, sabe que isso é pura e simplesmente um milagre. Eu pulava de alegria por dentro com o que o Senhor tinha feito. Ficou óbvio que era apenas o Diabo lutando.
Depois disso foram mais dois golpes no mesmo dia: Dom teve que retirar dinheiro para pagar as taxas da escola dos órfãos e o tratamento médico. Seu cartão não era aceito no caixa eletrônico e o banco lhe comunicou que estava bloqueado. Como eu estava na França, entrei em contato com o banco, que ajudou a resolver o problema (uma bênção disfarçada o fato de eu ter tido que permanecer no país!) E o dono da nossa antiga casa, que se comprometera a usar um dos seus caminhões para fazer a nossa mudança, agora não ia mais fazê-lo. Mas o Senhor supriu outra pessoa que não só tinha um caminhão, mas também os funcionários para carregar tudo e Dom não precisar fazer esforço físico. Que bênção!
Foi um grande passo de fé ficar em Paris para ajudar minha filha. Nossas economias só baixavam, e por ter que cuidar dela, eu não tinha condições de angariar recursos. Apesar da minha filha ter um bom plano de saúde, não cobria tudo, e as despesas estavam se acumulando. Eu sentia como se tivesse subido em um galho e serrado. Outro desafio era arranjar alguém para assumir o meu lugar, ou pelo menos dar uma atenção para ela algumas vezes por semana depois que eu voltasse para casa. O que fazer? Não podia deixá-la sozinha tendo que se movimentar com muletas quando devia ficar imobilizada. Mas também não podia perder meu bilhete de volta para o Congo e deixar Dom sozinho sem o cuidado que ele precisava. Deus tinha que me orientar, suprir e dar soluções. Eu precisava de milagres!
O Senhor nunca falha em suprir e atender às orações. Ele é fiel à Sua Palavra. Normalmente é preciso ter confiança e traduzir a Palavra em um passo de fé para então receber a bênção. O Senhor mostrou a Dom e a mim que eu devia ficar para cuidar da nossa filha na sua hora de necessidade, e confiar nEle quanto ao resto, mesmo que eu tivesse que perder o bilhete de volta para o Congo. (No final, ela teve que fazer uma cirurgia e precisou de cuidados durante dois meses). Esse foi o passo de fé e confiança que Ele esperava de nós.
O Senhor logo cumpriu a Sua parte. É de pensar que depois de trinta e poucos anos vivendo por fé, eu não ficaria surpresa ao testemunhar um milagre. Mas por alguma razão sempre fico impressionada com a fidelidade do Senhor, Sua provisão e timing. Ele tocou o coração do atendente no balcão da empresa de aviação. E mais uma vez consegui adiar o meu voo de volta — sem pagar taxa alguma — até estar com tudo pronto para viajar. Foi então que uma querida amiga ligou dizendo que desejava me dar uma doação que cobrisse minhas despesas na França. E o Senhor levantou mais dois amigos e vizinhos da minha filha que se dispuseram a dar uma olhada nela na semana seguinte depois da minha partida.
O Senhor atendera a cada oração feita pela minha filha. A sua recuperação estava indo de vento em popa, então marquei meu voo de volta para o Congo. Desnecessário dizer que, apesar das circunstâncias difíceis, esse tempo especial com ela e nossos pais já idosos foi permitido pelo Senhor para produzir cura e reconciliação.
Na véspera do meu voo, o jornal da noite noticiou que as estradas principais na França estavam bloqueadas devido a uma manifestação de caminhoneiros contra impostos. Um dos bloqueios era justamente na estrada para o aeroporto. Eu tinha bagagem demais para pegar transporte público. E o único caminho era através desse bloqueio que estava marcado para ficar ali de 9 às 18 hs. A minha primeira reação foi enviar pedidos de oração. A segunda reação foi dizer ao Senhor: “Jesus, se Você me quer de volta no Congo até amanhã, vai ter que fazer um milagre. Estou nas Suas mãos. Fica tudo por Sua conta, então faça o serviço!” No meu coração eu estava disposta a aceitar que Ele talvez não me quisesse de volta no Congo.
De manhã a situação estava tensa. O noticiário das 13 horas mostrava imagens da estrada por onde eu iria passar, totalmente bloqueada. Saí de casa às 15 hs, confiando no Senhor. Eu tinha pedido um milagre e certamente recebi! O bloqueio simplesmente desapareceu! Não tinha trânsito algum (algo incomum até no dia a dia), o tempo estava ensolarado, e eu até via o Senhor no meio das nuvens fofinhas me dando uma piscada com um grande sorriso no rosto! Mais uma vez Ele tinha resolvido as coisas!
Vivo por fé há muitos anos, o suficiente para saber que, no final, o Senhor sempre resolve tudo. Os problemas geralmente acontecem por algum motivo. Posso dizer por experiência que ou é um sinal de que estou fora da vontade de Deus, então Ele fecha as portas para chamar a minha atenção e me redirecionar, ou é sinal de que estou realmentena vontade do Senhor, então o Diabo fica zangado e luta contra mim. Em qualquer dos casos, não há razão para temer ou se preocupar, pois o Senhor certamente vai guiar e orientar no caminho que Ele deseja que eu siga, e vai me dar uma linda vitória no final.
Tradução Hebe Rondon Flandoli. Revisão Denise Oliveira.
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