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James Howard
Como a maioria, gosto de parar no final de cada ano para refletir e ouvir o Senhor. Isso me ajuda a recapitular e avaliar meu desempenho nos doze meses anteriores, além de me dar a chance de estabelecer novas metas e buscar a orientação do Senhor quanto a uma estratégia geral para o ano seguinte.
Este ano, comemorando sessenta e três anos de idade e quarenta e dois na FI, tenho orado e refletido sobre o meu estado de saúde. Nestes últimos quatro anos travei uma intensa batalha física e espiritual. E tenho buscado o Senhor por conselhos específicos para me ajudar a seguir adiante.
A maior parte da minha vida eu fui abençoado com boa saúde. Pratiquei esportes na época de escola, e durante o tempo que passei em AFI tentei o máximo possível dar prioridade à saúde e ao bem-estar. Geralmente, me mantive em forma por meio de atividades físicas como, por exemplo, corrida, caminhadas, esportes em equipe e jogos, um pouco de musculação, e outras coisas. Em termos de alimentação, no geral também sempre tive uma boa dieta. Exceto por alguns acidentes, problemas de saúde simples e uma fratura no tornozelo aos treze anos de idade, não tive grandes problemas físicos.
Mas isso começou a mudar há uns quatro anos, após um deslocamento de retina no olho direito que exigiu duas cirurgias e diversos procedimentos para corrigir o problema. No final perdi a visão, apesar de conseguir ver uma luzinha de vez em quando. Durante esse período, também fiz uma cirurgia a laser em algumas áreas fragilizadas da retina no outro olho para prevenir possíveis problemas.
Mais ou menos um ano após a primeira cirurgia no olho, comecei a ter problemas no tornozelo direito. Tive uma fratura na adolescência, e essa sempre foi a parte mais fraca no meu corpo e que às vezes incomodava. Mas nunca me atrapalhou. Sempre consegui viver normalmente, praticar esportes e atividades ao ar livre. Mas desta vez a dor era constante. Parecia que o tornozelo tinha virado para dentro. Pelo fato de já estar tendo problemas de vista, tentei não pensar no tornozelo. Mas depois de um ano, mais ou menos, o tornozelo começou a encurvar para dentro ainda mais, me impedindo de correr. E até uma caminhada leve de pouco mais de um quilômetro se tornara difícil. Fiz raio X e fui ao ortopedista. Ele explicou que o tornozelo fraturado não havia curado cem por cento certo, e a região foi degenerando com o passar dos anos a ponto de eu não ter mais cartilagem nas juntas do tornozelo esquerdo, resultando em uma dolorosa artrite. O prognóstico não é nada bom. Para encurtar a história, neste exato momento os médicos não podem fazer nada para o meu tornozelo sarar e voltar ao normal.
Acredito e orei por cura, além de ter recebido muitas orações de outras pessoas. Apesar da perspectiva eu não desisti, pois sei que Deus tem Seu plano e pode usar nossos problemas de saúde para a Sua glória. Tenho passado bastante tempo lendo a Palavra e orando para fortalecer minha fé. O Senhor me ajudou e orientou, mas sentia que precisava de algo pessoal e prático este ano não só para seguir adiante, mas para me ajudar a progredir física e espiritualmente, pois às vezes parecia que estava tentando nadar no meio de uma tempestade no mar à noite, açoitado por vagalhões e impossibilitado de chegar a qualquer lugar. É uma situação que afeta a mim e também aos outros. Possivelmente terei de deixar as pessoas que me são queridas, o campo e o trabalho por um longo período, e voltar para o meu país natal, onde praticamente todas as despesas médicas poderão ser cobertas pelo Estado.
Atendendo à minha oração, o Senhor me deu um plano específico de três etapas. Simples, direto e fácil de lembrar: ACEITAR, ADAPTAR e AVANÇAR.
ACEITAR não significa desistir e se resignar à minha sina. “Aquele que se resignar à sua sina verá que ela aceita a resignação”. Mas não é esse o caminho do Senhor para mim. Aceitar dentro da fé significa ter uma atitude positiva, acreditando e confiando no Senhor quanto à minha situação pessoal. Significa também acreditar que o Senhor vá cuidar e suprir para as pessoas no meu círculo que são afetadas pela situação.
ADAPTAR é mais prático, mas também tem um aspecto espiritual. Apesar de estar limitado fisicamente, ainda posso fazer a maioria das coisas. Só preciso reconhecer as limitações e procurar novas maneiras de realizar minhas tarefas. Espiritualmente, preciso me manter desafiado, positivo e não ceder ao desânimo.
Por exemplo, erguer objetos pesados e fazer musculação com pesos causa muita pressão nos meus olhos, portanto é uma atividade proibida. Em vez de desistir e parar de fazer atividades físicas, deixei de usar as barras de levantamento de peso e comecei a usar halteres de 2,5 Kg. Agora faço sequências mais repetitivas e com menos peso. Não posso caminhar muito rápido nem por muito tempo por causa do tornozelo, mas posso passar um bom tempo pedalando na bicicleta ergométrica. E agora preciso de ajuda para certas atividades na casa que antes eram automáticas mas envolvem pegar peso, abaixar ou ter de subir em algo.
Para AVANÇAR, preciso continuar em frente o melhor possível e não deixar o Inimigo me puxar para baixo com desânimo e pensamentos negativos. “Fui golpeado na direita. Meu lado esquerdo atingido. Meu centro arrasado. Ordenei um ataque em todas as direções.”[1] Apesar de ser humilhante estar afligido assim fisicamente, o Senhor está trabalhando na minha vida por meio disso tudo.
Problemas de saúde podem nos ajudar a identificar melhor com as pessoas para quem testemunhamos ou com quem temos contato. Passei por isso há uns anos depois de uma das cirurgias nos olhos.
Um velho amigo, cristão, que mora em outra cidade, precisou de uma cirurgia de emergência para retirar o apêndice. Devido a complicações ficou internado alguns dias, então fui visitá-lo no hospital com meu filho adulto que é cego. Por diferentes motivos, foi um certo sacrifício para nós. Podíamos ter ligado explicando e esse amigo teria entendido. Mas senti que devia ir pessoalmente. Foi uma grande surpresa, e ele ficou tão feliz e animado quando chegamos! Mencionou que ninguém da igreja o havia visitado. E comentou que apesar de meu filho e eu termos sérios problemas de saúde e deficiências — que justificariam nossa ausência — fomos até o hospital, e isso foi muito importante para ele. “[Ele] nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações.”[2]
Portanto, no presente e no futuro, continuarei seguindo este plano simples que o Senhor me deu para ACEITAR, ADAPTAR e AVANÇAR passo a passo. E pela Sua graça estarei pronto para quaisquer outras mudanças que e Ele queira fazer em minha vida.
“E eu disse ao homem que guardava o portão do novo ano: ‘Dê-me uma luz para eu trilhar em segurança esse caminho desconhecido’. Ele respondeu: ‘Saia na escuridão e segure na mão de Deus. Ele será melhor do que uma luz e mais seguro do que um caminho conhecido’.”[3]
[1] Atribuído ao general francês General Ferdinand Foch na II Guerra Mundial.
[2] 2 Coríntios 1:4.
[3] Do livro “God Knows”, de Minnie Louise Haskins (1908).
James Howard
Como a maioria, gosto de parar no final de cada ano para refletir e ouvir o Senhor. Isso me ajuda a recapitular e avaliar meu desempenho nos doze meses anteriores, além de me dar a chance de estabelecer novas metas e buscar a orientação do Senhor quanto a uma estratégia geral para o ano seguinte.
Este ano, comemorando sessenta e três anos de idade e quarenta e dois na FI, tenho orado e refletido sobre o meu estado de saúde. Nestes últimos quatro anos travei uma intensa batalha física e espiritual. E tenho buscado o Senhor por conselhos específicos para me ajudar a seguir adiante.
A maior parte da minha vida eu fui abençoado com boa saúde. Pratiquei esportes na época de escola, e durante o tempo que passei em AFI tentei o máximo possível dar prioridade à saúde e ao bem-estar. Geralmente, me mantive em forma por meio de atividades físicas como, por exemplo, corrida, caminhadas, esportes em equipe e jogos, um pouco de musculação, e outras coisas. Em termos de alimentação, no geral também sempre tive uma boa dieta. Exceto por alguns acidentes, problemas de saúde simples e uma fratura no tornozelo aos treze anos de idade, não tive grandes problemas físicos.
Mas isso começou a mudar há uns quatro anos, após um deslocamento de retina no olho direito que exigiu duas cirurgias e diversos procedimentos para corrigir o problema. No final perdi a visão, apesar de conseguir ver uma luzinha de vez em quando. Durante esse período, também fiz uma cirurgia a laser em algumas áreas fragilizadas da retina no outro olho para prevenir possíveis problemas.
Mais ou menos um ano após a primeira cirurgia no olho, comecei a ter problemas no tornozelo direito. Tive uma fratura na adolescência, e essa sempre foi a parte mais fraca no meu corpo e que às vezes incomodava. Mas nunca me atrapalhou. Sempre consegui viver normalmente, praticar esportes e atividades ao ar livre. Mas desta vez a dor era constante. Parecia que o tornozelo tinha virado para dentro. Pelo fato de já estar tendo problemas de vista, tentei não pensar no tornozelo. Mas depois de um ano, mais ou menos, o tornozelo começou a encurvar para dentro ainda mais, me impedindo de correr. E até uma caminhada leve de pouco mais de um quilômetro se tornara difícil. Fiz raio X e fui ao ortopedista. Ele explicou que o tornozelo fraturado não havia curado cem por cento certo, e a região foi degenerando com o passar dos anos a ponto de eu não ter mais cartilagem nas juntas do tornozelo esquerdo, resultando em uma dolorosa artrite. O prognóstico não é nada bom. Para encurtar a história, neste exato momento os médicos não podem fazer nada para o meu tornozelo sarar e voltar ao normal.
Acredito e orei por cura, além de ter recebido muitas orações de outras pessoas. Apesar da perspectiva eu não desisti, pois sei que Deus tem Seu plano e pode usar nossos problemas de saúde para a Sua glória. Tenho passado bastante tempo lendo a Palavra e orando para fortalecer minha fé. O Senhor me ajudou e orientou, mas sentia que precisava de algo pessoal e prático este ano não só para seguir adiante, mas para me ajudar a progredir física e espiritualmente, pois às vezes parecia que estava tentando nadar no meio de uma tempestade no mar à noite, açoitado por vagalhões e impossibilitado de chegar a qualquer lugar. É uma situação que afeta a mim e também aos outros. Possivelmente terei de deixar as pessoas que me são queridas, o campo e o trabalho por um longo período, e voltar para o meu país natal, onde praticamente todas as despesas médicas poderão ser cobertas pelo Estado.
Atendendo à minha oração, o Senhor me deu um plano específico de três etapas. Simples, direto e fácil de lembrar: ACEITAR, ADAPTAR e AVANÇAR.
ACEITAR não significa desistir e se resignar à minha sina. “Aquele que se resignar à sua sina verá que ela aceita a resignação”. Mas não é esse o caminho do Senhor para mim. Aceitar dentro da fé significa ter uma atitude positiva, acreditando e confiando no Senhor quanto à minha situação pessoal. Significa também acreditar que o Senhor vá cuidar e suprir para as pessoas no meu círculo que são afetadas pela situação.
ADAPTAR é mais prático, mas também tem um aspecto espiritual. Apesar de estar limitado fisicamente, ainda posso fazer a maioria das coisas. Só preciso reconhecer as limitações e procurar novas maneiras de realizar minhas tarefas. Espiritualmente, preciso me manter desafiado, positivo e não ceder ao desânimo.
Por exemplo, erguer objetos pesados e fazer musculação com pesos causa muita pressão nos meus olhos, portanto é uma atividade proibida. Em vez de desistir e parar de fazer atividades físicas, deixei de usar as barras de levantamento de peso e comecei a usar halteres de 2,5 Kg. Agora faço sequências mais repetitivas e com menos peso. Não posso caminhar muito rápido nem por muito tempo por causa do tornozelo, mas posso passar um bom tempo pedalando na bicicleta ergométrica. E agora preciso de ajuda para certas atividades na casa que antes eram automáticas mas envolvem pegar peso, abaixar ou ter de subir em algo.
Para AVANÇAR, preciso continuar em frente o melhor possível e não deixar o Inimigo me puxar para baixo com desânimo e pensamentos negativos. “Fui golpeado na direita. Meu lado esquerdo atingido. Meu centro arrasado. Ordenei um ataque em todas as direções.”[1] Apesar de ser humilhante estar afligido assim fisicamente, o Senhor está trabalhando na minha vida por meio disso tudo.
Problemas de saúde podem nos ajudar a identificar melhor com as pessoas para quem testemunhamos ou com quem temos contato. Passei por isso há uns anos depois de uma das cirurgias nos olhos.
Um velho amigo, cristão, que mora em outra cidade, precisou de uma cirurgia de emergência para retirar o apêndice. Devido a complicações ficou internado alguns dias, então fui visitá-lo no hospital com meu filho adulto que é cego. Por diferentes motivos, foi um certo sacrifício para nós. Podíamos ter ligado explicando e esse amigo teria entendido. Mas senti que devia ir pessoalmente. Foi uma grande surpresa, e ele ficou tão feliz e animado quando chegamos! Mencionou que ninguém da igreja o havia visitado. E comentou que apesar de meu filho e eu termos sérios problemas de saúde e deficiências — que justificariam nossa ausência — fomos até o hospital, e isso foi muito importante para ele. “[Ele] nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações.”[2]
Portanto, no presente e no futuro, continuarei seguindo este plano simples que o Senhor me deu para ACEITAR, ADAPTAR e AVANÇAR passo a passo. E pela Sua graça estarei pronto para quaisquer outras mudanças que e Ele queira fazer em minha vida.
“E eu disse ao homem que guardava o portão do novo ano: ‘Dê-me uma luz para eu trilhar em segurança esse caminho desconhecido’. Ele respondeu: ‘Saia na escuridão e segure na mão de Deus. Ele será melhor do que uma luz e mais seguro do que um caminho conhecido’.”[3]
[1] Atribuído ao general francês General Ferdinand Foch na II Guerra Mundial.
[2] 2 Coríntios 1:4.
[3] Do livro “God Knows”, de Minnie Louise Haskins (1908).
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