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Steve Hearts
Eu escrevi previamente sobre como aprendi a considerar a minha cegueira como a bênção disfarçada que ela é na realidade.[1] Neste artigo, quero salientar alguns dos maiores benefícios da minha cegueira, na esperança de encorajar a fé de outros que estão encarando desafios como o meu ou semelhantes.
Para começar, dou graças a Deus cada dia pela Sua sabedoria ao permitir que eu ficasse cego pouco depois de nascer, antes de sequer entender o que é enxergar. Apesar de ter sido doloroso quando caiu a ficha de que eu não enxergava como a maioria das outras pessoas evaporou rápida e permanentemente quando conheci pessoas que perderam a visão como resultado de acidentes ou doenças. Essas pessoas passaram por um trauma maior do que eu jamais passei, pois viveram a vida inteira enxergando e então perderam a visão. Porém continuaram motivadas e determinadas a se adaptarem à situação e fazerem o máximo do que ainda lhes restara, em vez de chorar pelo que haviam perdido. Seu exemplo me fez logo entender como eu era bem afortunado. Consequentemente eu nunca mais reclamei da minha situação. Aqueles que sofreram, contudo superaram o trauma de terem perdido a visão mais tarde na vida, sempre serão meus maiores heróis.
Minha cegueira também serviu para me manter motivado. Pois aqueles entre nós que vivem com deficiências físicas sempre terão a escolha de quer se resignarem às suas aparentes limitações ou procurar maneiras de superarem e passarem por elas. Sei que há certos limites que não podem ser rompidos com relação ao que eu posso ou não posso fazer. Mas nenhuma dessas limitações me mantém de levar uma vida gratificante e produtiva. Na maior parte, tenho sido abençoado por estar cercado de pessoas que acreditavam e tinham fé em mim e nas minhas habilidades. Contudo, como é sempre o caso, houve gente que também manifestou uma atitude contrária. Apesar disso ter me deixado triste a princípio, disse repetidas vezes para mim mesmo o seguinte: se alguém tentar me dizer que eu não consigo fazer algo, tudo o que terei de fazer e dar a volta, sem sequer proferir uma única palavra, e fazer tal coisa—claro que dentro do bom senso. Não estou falando sobre tentar algo tão ousado como pegar no volante de um carro ou tentar pilotar um avião. Essas coisas definitivamente se encaixam na categoria de limites inquebráveis. Estou simplesmente falando de estar disposto a encarar quaisquer desafios para as capacidades que realmente possuo.
Tenho que admitir prontamente que também houve vezes em que a única pessoa me dizendo que eu não era capaz de algo era eu mesmo. Mas com a ajuda do Senhor, e também a ajuda e encorajamento dos outros, consegui provar o contrário. Por isso que Filipenses 4:13 sempre foi uma promessa valiosa para clamar, “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.”[2]
Segundo vejo, praticamente não há nada que inspire mais empatia e compaixão pelos outros do que uma incapacidade física. Minha cegueira fez com que fosse definitivamente mais fácil me identificar com aqueles que também lidam com problemas e desafios físicos. Eu geralmente consigo encorajar e motivá-los sem sequer saber que estava fazendo isso. Por exemplo, certo dia, vários anos atrás, eu estava com meu pai em um centro esportivo local que tinha uma pista. Era uma rotina diária para ele dar algumas voltas ali correndo enquanto eu caminhava com minha bengala. Dei algumas voltas e então um homem que eu nunca havia encontrado antes foi até mim e se apresentou dizendo, “Sabe, você me ensinou uma lição muito importante hoje.”
“Como assim?” perguntei.
“Tenho um problema nas costas que me incomoda muito,” ele disse. “Eu o uso como desculpa para não vir aqui e me exercitar tanto quanto deveria. Eu o tenho visto dando voltas sempre que venho aqui. Ver você se exercitar regularmente apesar de sua deficiência é um exemplo e motivador para mim.” Conversamos um pouco mais, e no final eu consegui guiá-lo a Jesus.
É de certa forma comum para as pessoas que não convivem com uma deficiência ou problema físico terem pena ou menosprezarem as que têm. O Senhor, entretanto, tem usado a minha cegueira para dissipar essa mentalidade. Quando eu tinha 19 anos, toquei violão em uma banda de louvor e adoração por vários meses. Desfrutei do tempo que passei com este grupo e me senti aceito e apreciado por todos. Eventualmente chegou a hora de eu deixar a banda e seguir outro chamado diferente. Antes de partir, fizeram uma festa de despedida para mim. Em algum momento do evento, cada um dos membros tomou um tempo para contar de que maneiras eu tinha tocado suas vidas. Uns dois deles disseram, “Antes de conhecer você eu sempre sentia pena, e até mesmo menosprezava, as pessoas com deficiências. Mas aí eu vi como a sua deficiência não o impede de servir a Deus a cem por cento, e agora minha perspectiva é diferente.”
Minha cegueira também serviu para me manter humilde. Apesar de eu tentar levar uma vida o mais independente possível, obviamente ainda preciso da ajuda dos outros com certas coisas. Admitir isso muitas vezes é um golpe no meu orgulho. Mas Deus sabe que é preciso para eu permanecer no caminho da humildade. Apesar de eu conseguir lidar com a maioria das habilidades práticas da vida essenciais para uma vida independente, algo que ainda não consegui dominar é conseguir atravessar as ruas sem ajuda. Eu certa vez abordei outro amigo cego para lhe pedir ajuda sobre isto. Esperava que ele fosse me dar dicas sobre o uso correto da bengala, ganhar confiança, etc. Em vez disso, ele disse, “O mais importante que posso lhe dizer é o seguinte: Nunca tenha medo de pedir ajuda ao atravessar a rua, mesmo se for de um estranho total. Do jeito que as pessoas dirigem por aqui, pode ser arriscado não pedir ajuda a ninguém.” E concluiu dizendo, “Nunca pense que vai chegar a ser tão totalmente independente e auto suficiente que jamais precisará pedir ajuda dos outros.”
Já ouvi muitas vezes, inclusive do Senhor, que minha falta de visão no físico me possibilitou ter uma visão mais aguçada das coisas do Espírito. Hesito em elaborar sobre isto, visto que não me considero uma pessoal especialmente “espiritual”. Segundo penso, eu geralmente batalho em desligar a mente carnal e me revestir da mente de Cristo tanto quanto qualquer outra pessoa que enxerga batalha. Ainda assim, o Senhor já falou através de diferentes pessoas com relação ao dom que Ele me deu para Sua glória de uma visão espiritual maior. Por exemplo, o diretor da banda na qual toquei me disse que tinha perguntado ao Senhor por que Ele não tinha me permitido ver. Ao que o Senhor respondeu, “Por que Eu faria isso? Steve já Me vê.”
Você está lidando com uma incapacidade ou situação desafiadora? Está difícil de ver quaisquer benefícios reais disso? Eu sugiro que leve essa situação direto para o Senhor. Ele certamente poderá guiá-lo como me guiou, e lhe mostrar como a sua situação o está servindo e beneficiando de maneiras que jamais imaginou. É possível que, apesar de você poder ver fisicamente, sinta-se cego espiritualmente—incapaz de ver o caminho à frente, sem certeza do caminho pelo qual deve seguir. O Senhor promete, “Conduzirei os cegos por caminhos que eles não conheceram, por veredas desconhecidas eu os guiarei; transformarei as trevas em luz diante deles e tornarei retos os lugares acidentados. Essas são as coisas que farei; não os abandonarei.”[3]
[1] Ver http://anchor.tfionline.com/pt/post/fe-vs-vista/ e http://anchor.tfionline.com/pt/post/cruz-ou-coroa/.
[2] ACRF.
[3] Isaías 42:16, NVI.
Steve Hearts
Eu escrevi previamente sobre como aprendi a considerar a minha cegueira como a bênção disfarçada que ela é na realidade.[1] Neste artigo, quero salientar alguns dos maiores benefícios da minha cegueira, na esperança de encorajar a fé de outros que estão encarando desafios como o meu ou semelhantes.
Para começar, dou graças a Deus cada dia pela Sua sabedoria ao permitir que eu ficasse cego pouco depois de nascer, antes de sequer entender o que é enxergar. Apesar de ter sido doloroso quando caiu a ficha de que eu não enxergava como a maioria das outras pessoas evaporou rápida e permanentemente quando conheci pessoas que perderam a visão como resultado de acidentes ou doenças. Essas pessoas passaram por um trauma maior do que eu jamais passei, pois viveram a vida inteira enxergando e então perderam a visão. Porém continuaram motivadas e determinadas a se adaptarem à situação e fazerem o máximo do que ainda lhes restara, em vez de chorar pelo que haviam perdido. Seu exemplo me fez logo entender como eu era bem afortunado. Consequentemente eu nunca mais reclamei da minha situação. Aqueles que sofreram, contudo superaram o trauma de terem perdido a visão mais tarde na vida, sempre serão meus maiores heróis.
Minha cegueira também serviu para me manter motivado. Pois aqueles entre nós que vivem com deficiências físicas sempre terão a escolha de quer se resignarem às suas aparentes limitações ou procurar maneiras de superarem e passarem por elas. Sei que há certos limites que não podem ser rompidos com relação ao que eu posso ou não posso fazer. Mas nenhuma dessas limitações me mantém de levar uma vida gratificante e produtiva. Na maior parte, tenho sido abençoado por estar cercado de pessoas que acreditavam e tinham fé em mim e nas minhas habilidades. Contudo, como é sempre o caso, houve gente que também manifestou uma atitude contrária. Apesar disso ter me deixado triste a princípio, disse repetidas vezes para mim mesmo o seguinte: se alguém tentar me dizer que eu não consigo fazer algo, tudo o que terei de fazer e dar a volta, sem sequer proferir uma única palavra, e fazer tal coisa—claro que dentro do bom senso. Não estou falando sobre tentar algo tão ousado como pegar no volante de um carro ou tentar pilotar um avião. Essas coisas definitivamente se encaixam na categoria de limites inquebráveis. Estou simplesmente falando de estar disposto a encarar quaisquer desafios para as capacidades que realmente possuo.
Tenho que admitir prontamente que também houve vezes em que a única pessoa me dizendo que eu não era capaz de algo era eu mesmo. Mas com a ajuda do Senhor, e também a ajuda e encorajamento dos outros, consegui provar o contrário. Por isso que Filipenses 4:13 sempre foi uma promessa valiosa para clamar, “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.”[2]
Segundo vejo, praticamente não há nada que inspire mais empatia e compaixão pelos outros do que uma incapacidade física. Minha cegueira fez com que fosse definitivamente mais fácil me identificar com aqueles que também lidam com problemas e desafios físicos. Eu geralmente consigo encorajar e motivá-los sem sequer saber que estava fazendo isso. Por exemplo, certo dia, vários anos atrás, eu estava com meu pai em um centro esportivo local que tinha uma pista. Era uma rotina diária para ele dar algumas voltas ali correndo enquanto eu caminhava com minha bengala. Dei algumas voltas e então um homem que eu nunca havia encontrado antes foi até mim e se apresentou dizendo, “Sabe, você me ensinou uma lição muito importante hoje.”
“Como assim?” perguntei.
“Tenho um problema nas costas que me incomoda muito,” ele disse. “Eu o uso como desculpa para não vir aqui e me exercitar tanto quanto deveria. Eu o tenho visto dando voltas sempre que venho aqui. Ver você se exercitar regularmente apesar de sua deficiência é um exemplo e motivador para mim.” Conversamos um pouco mais, e no final eu consegui guiá-lo a Jesus.
É de certa forma comum para as pessoas que não convivem com uma deficiência ou problema físico terem pena ou menosprezarem as que têm. O Senhor, entretanto, tem usado a minha cegueira para dissipar essa mentalidade. Quando eu tinha 19 anos, toquei violão em uma banda de louvor e adoração por vários meses. Desfrutei do tempo que passei com este grupo e me senti aceito e apreciado por todos. Eventualmente chegou a hora de eu deixar a banda e seguir outro chamado diferente. Antes de partir, fizeram uma festa de despedida para mim. Em algum momento do evento, cada um dos membros tomou um tempo para contar de que maneiras eu tinha tocado suas vidas. Uns dois deles disseram, “Antes de conhecer você eu sempre sentia pena, e até mesmo menosprezava, as pessoas com deficiências. Mas aí eu vi como a sua deficiência não o impede de servir a Deus a cem por cento, e agora minha perspectiva é diferente.”
Minha cegueira também serviu para me manter humilde. Apesar de eu tentar levar uma vida o mais independente possível, obviamente ainda preciso da ajuda dos outros com certas coisas. Admitir isso muitas vezes é um golpe no meu orgulho. Mas Deus sabe que é preciso para eu permanecer no caminho da humildade. Apesar de eu conseguir lidar com a maioria das habilidades práticas da vida essenciais para uma vida independente, algo que ainda não consegui dominar é conseguir atravessar as ruas sem ajuda. Eu certa vez abordei outro amigo cego para lhe pedir ajuda sobre isto. Esperava que ele fosse me dar dicas sobre o uso correto da bengala, ganhar confiança, etc. Em vez disso, ele disse, “O mais importante que posso lhe dizer é o seguinte: Nunca tenha medo de pedir ajuda ao atravessar a rua, mesmo se for de um estranho total. Do jeito que as pessoas dirigem por aqui, pode ser arriscado não pedir ajuda a ninguém.” E concluiu dizendo, “Nunca pense que vai chegar a ser tão totalmente independente e auto suficiente que jamais precisará pedir ajuda dos outros.”
Já ouvi muitas vezes, inclusive do Senhor, que minha falta de visão no físico me possibilitou ter uma visão mais aguçada das coisas do Espírito. Hesito em elaborar sobre isto, visto que não me considero uma pessoal especialmente “espiritual”. Segundo penso, eu geralmente batalho em desligar a mente carnal e me revestir da mente de Cristo tanto quanto qualquer outra pessoa que enxerga batalha. Ainda assim, o Senhor já falou através de diferentes pessoas com relação ao dom que Ele me deu para Sua glória de uma visão espiritual maior. Por exemplo, o diretor da banda na qual toquei me disse que tinha perguntado ao Senhor por que Ele não tinha me permitido ver. Ao que o Senhor respondeu, “Por que Eu faria isso? Steve já Me vê.”
Você está lidando com uma incapacidade ou situação desafiadora? Está difícil de ver quaisquer benefícios reais disso? Eu sugiro que leve essa situação direto para o Senhor. Ele certamente poderá guiá-lo como me guiou, e lhe mostrar como a sua situação o está servindo e beneficiando de maneiras que jamais imaginou. É possível que, apesar de você poder ver fisicamente, sinta-se cego espiritualmente—incapaz de ver o caminho à frente, sem certeza do caminho pelo qual deve seguir. O Senhor promete, “Conduzirei os cegos por caminhos que eles não conheceram, por veredas desconhecidas eu os guiarei; transformarei as trevas em luz diante deles e tornarei retos os lugares acidentados. Essas são as coisas que farei; não os abandonarei.”[3]
[1] Ver http://anchor.tfionline.com/pt/post/fe-vs-vista/ e http://anchor.tfionline.com/pt/post/cruz-ou-coroa/.
[2] ACRF.
[3] Isaías 42:16, NVI.
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