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Sunday, May 18, 2014

Além da Vida e da Morte

Um encontro entre duas dimensões
por Tirzah

“Mãe, eu quero ajudar alguém de verdade, de uma maneira especial.” — Essas foram suas últimas palavras.

No verão de 2008, no Texas, nossa filha Mei (Meilani), de 19 anos, foi atropelada por um carro enquanto corria, pondo fim à sua breve vida nesta terra. Sei que a morte e a vida estão além do nosso controle, mas nunca imaginei a morte tão próxima e súbita.

Toda alma enviada ao mundo tem uma missão, é preciosa demais e insubstituível. Mei sempre foi especial. Desde pequena, ajudava a cuidar dos irmãozinhos, ensinava-lhes e brincava com eles. Era praticamente sua segunda mãe e tinha um grande amor pelos irmãos. Mesmo quando viajava, ligava para saber como estavam.

Ela tinha o hábito de ler a Bíblia e o seu amor por Deus foi aumentando com a idade. Teve suas dificuldades e passou por situações dolorosas. No entanto, as aparentes derrotas se tornaram degraus que fizeram dela uma pessoa que tinha empatia pelo sofrimento alheio.

Na época do acidente, Mei trabalhava como secretária em uma empresa havia seis meses. Depois da sua morte, meu marido foi visitar o chefe dela, o qual lhe disse que Mei tinha mudado a vida dele. Disse que o amor e a preocupação de Mei pelos outros, sua alegria, gentileza e espírito humilde tinham impactado muitos, e que ela havia literalmente mudado o ambiente na empresa. Ao tomarem conhecimento da sua morte, dedicaram o mês inteiro em sua honra.

Ela também trabalhava em um hospital, no setor que cuidava de crianças vítimas de abuso, e passava suas horas livres ouvindo e consolando aquelas crianças sofridas e magoadas.

Quando meu marido foi aos Estados Unidos, procurou informações sobre o motorista que causou o acidente, mas as autoridades não revelaram o seu nome. Sabíamos apenas que era uma jovem recém-formada no ensino médio e boa aluna. Meu marido voltou para casa, mas não conseguíamos deixar de pensar na motorista. Então ligamos novamente para a delegacia e desta vez eles nos deram a informação.

Não sei como descrever todas as emoções que me dominaram. Frustração, raiva, angústia e remorso vieram como uma enxurrada. Sentia-me jogada de um lado para outro por vagalhões de agonia. Quanto mais lutava, pior me sentia. Fiquei tão desesperada que clamei a Deus por ajuda. Foi quando tive uma visão de Mei, da moça que a atropelou e pensei: E se a situação fosse inversa? E se tivesse sido eu dirigindo aquele carro? Eu não ia querer ser perdoada?!

Lembrei-me da história na Bíblia em que uma mulher que cometera um pecado foi levada diante de Jesus antes de ser apedrejada. Jesus disse: “Quem dentre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra.” As pessoas, conhecendo o seu coração, se retiraram uma a uma. Então Jesus disse à mulher: “Nem Eu te condeno, vai e não peques mais.”[1]

Meu marido e eu tomamos a decisão de perdoar. Escrevemos uma carta para a jovem motorista dizendo que estávamos orando por ela e que a perdoávamos. Ela respondeu. Que emoção vermos a mão do Senhor e o Seu maravilhoso plano em toda a situação!

Segue-se um trecho da carta.

Gostaria de dizer que sinto muito, muito mesmo pelo que aconteceu. Sei que não ajuda, mas queria lhes dizer que, mesmo não conhecendo a Meilani, lamentei sua morte como se fosse a de uma pessoa próxima. Em certo sentido, sinto-me conectada com ela. É como se a conhecesse há anos. Não faz sentido, porque nem sei nada a respeito dela — mas gostaria de saber.

Vocês nem imaginam como sua carta foi importante para mim. Estou angustiada há semanas, pensando que devia escrever para vocês, mas não tinha coragem nem sabia por onde começar. A sua carta foi uma bênção para mim e para a minha família. Não fazem ideia como fiquei feliz ao ouvir que vocês têm fé no Senhor. Eu e a minha família inteira estávamos orando por vocês, para que Deus lhes desse paz e que fossem pessoas de fé. Imagino que a Meilani era cristã. Isso me deixa muito agradecida.

Com toda sinceridade, não estou totalmente bem. Não consegui superar e acho que nunca conseguirei. Acho que não quero. Gostaria de ter para sempre a lembrança dela. Gostaria que soubessem que me tornei outra pessoa depois do acidente. Às vezes fico zangada com Deus e questiono o porquê desse acidente. Será que foi apenas para me ensinar uma lição? Fico com raiva e às vezes acho que foi drástico demais.

Mas gostaria que soubessem que a morte da Meilani não vai ser em vão. Agora dou valor a cada dia da minha vida, a tudo que Deus me permite vivenciar: pessoas, circunstâncias boas ou ruins, ou qualquer outra coisa. Sempre a terei no meu coração e agora tudo o que faço, dedico a ela. Sua filha mudou minha vida. Sinto muito essa tragédia ter sido o catalizador. Como disse antes, às vezes ainda luto contra sentimentos de raiva e amargura contra Deus. Não parece justo isso ter acontecido, e sinto muito.

Sei que o meu sofrimento não é nada em comparação com o que vocês e sua família estão sentindo. Gostaria de saber mais sobre a Meilani e vocês, se não se importarem de falar sobre ela. Gostaria também de lhes contar sobre mim, para me entenderem melhor e o impacto da sua filha na minha vida — como acharem melhor.

Só queria que soubessem que a sua filha não morreu em vão. Nada disso foi em vão. A situação toda me impactou de uma maneira que nem imaginam. Sinto muito pelo acidente. Por favor, perdoem-me se o que digo não faz sentido. Não é possível expressar com palavras o que sinto. Peço a Deus que os ajude a entender o que estou tentando dizer.

Mais uma vez, sinto muito. A lembrança dela viverá para sempre no meu coração e da minha família. Essa situação mudou a minha maneira de ver a vida e me fez amadurecer de forma que poderei ser uma bênção para muita gente. Tenham certeza que chorei a morte da Meilani como se a conhecesse. De vez em quando, ainda choro. Estou orando por sua família. Muito obrigada pela carta. Mais uma vez, peço seu perdão. Sinto muito... muito mesmo.

Depois que escrevi para ela falando de Mei, ela respondeu:

Não tenho palavras para expressar a inspiração que Mei tem sido na minha vida. Sinto que agora tenho um bom testemunho e posso usar esta experiência para ajudar outras pessoas. Quem dera não tivesse acontecido desta maneira, mas se depender de mim ela não terá morrido em vão. Não vou deixar que isso aconteça. Quero que as pessoas saibam como ela era especial e maravilhosa. Prometo usar meu dom de interpretação para cantar a respeito dela. Quero que as pessoas conheçam a vida de Mei e saibam do seu amor por Deus. Talvez por isso tudo tenha acontecido, para que juntas possamos abençoar outras vidas e ajudar as pessoas a conhecer Deus. É estranho, porque continuo sentindo como se a conhecesse desde sempre, e agora a conheço ainda melhor, desde que vocês me falaram mais sobre ela. Acho que isso me ajuda a sentir que Mei e eu estamos trabalhando juntas para Deus. Vocês têm razão quando dizem que sentem o espírito dela, pois no meu caso, mesmo sem conhecê-la, parece que ela está comigo também.

Muito obrigada por compartilharem comigo algumas das suas lembranças de Mei. Não posso dizer que entendo plenamente o propósito de Deus na minha vida ou a razão desse acidente. Sinto muito pelo que aconteceu. Acho que nunca vou conseguir me arrepender o suficiente. Mas quero que saibam que Mei me ensinou muito. Ela me ensinou a nunca achar que a vida é garantida. Pelo que ouvi ela viveu a vida ao máximo, e desejo fazer o mesmo. Ela me ensinou a não determinar limites para o amor. Ela amou muita gente. Espero me tornar tão amorosa como ela. Ela me ensinou a sempre confiar em Deus, quer eu O entendamos, quer não. Não tem nada a ver com nosso entendimento de Deus, mas sim nossa confiança e fé nEle. Tenho aprendido cada dia mais a viver assim.

Minha canção favorita é “Praise You in this Storm”, de Casting Crowns . Fala sobre louvar a Deus até durante uma tempestade. Aprendi que mesmo nas situações ruins é preciso confiar, louvar e ter fé que Ele nos ajudará a vencer. Ele sabe o que faz e aonde estamos indo. Mei me ensinou a fazer isso. Não sei como… mas me ensinou. Quando fico zangada com Deus ou quero voltar atrás, não consigo, pois estaria insultando Mei e a vida que ela viveu. Viveu por Jesus e, de agora em diante, é o que farei.

Muito obrigada mais uma vez pela sua carta falando de Mei. Espero ouvir mais sobre ela. Saibam que continuarei orando por vocês e sua família. E sinto muito. Mas eu lhes garanto que a vida de Mei será lembrada, assim como o seu amor por Deus.

Muito obrigada. Deus abençoe vocês e sua família.

A mãe dela também nos mandou uma carta surpreendente e reconfortante.

Vocês nunca vão entender o profundo impacto que sua carta para J. teve em todos nós, mas principalmente nela! Todos sentimos pela morte de Meilani como se fosse nossa filha, e nos solidarizamos com vocês que são a família dela. Mas J. ficou arrasada. Tinha pesadelos e momentos de muita angústia, chorando sem parar, soluçando inconsolavelmente. Em outras ocasiões, sentia uma conexão com Meilani, como se a sua melhor amiga tivesse morrido.

Ela chorava pela vida que Meilani foi privada de viver, sentia-se culpada por estar viva e Melanie, não. Ela se perguntava se Meilani tinha tido uma vida plena, cheia de boas experiências, se tinha se apaixonado, se tinha irmãos e irmãs, etc. J. desejava entrar em contato com a família de Meilani para dizer como se sentia mal por tudo o que acontecera. Não tem como expressar a paz e o consolo que J. sentiu quando vocês disseram que Meilani tinha fé em Jesus e tinha ido para junto dEle.

Vou lhes dizer algo que talvez seja um conforto para vocês. Logo depois do acidente foi como se Deus tivesse rodeado o lugar com anjos. Uma senhora juntou todas as pessoas que conseguiu e fizeram um círculo ao redor de Meilani e oraram por ela. Um rapaz, também cristão, que foi testemunha do acidente, ficou perto de J. para consolá-la e uma senhora impôs as mãos na cabeça de J. e orou por ela com tanto poder que mexeu comigo no fundo da minha alma. A única maneira de descrever é que Deus enviou os Seus anjos para ministrar a essa filha amada. Meilani não estava só. Estava rodeada de um exército de irmãos e irmãs na fé. O Senhor é precioso demais!

Deus os abençoe por seguirem o seu coração e entrarem em contato com J. Eu, como mãe, lhes agradeço do fundo do coração.

J. foi abençoada com o dom de música desde bem pequena. Vivia cantando ou cantarolando, e conforme foi ficando mais velha, percebeu que queria seguir carreira na música. Ela já teve muitos sucessos, mas nosso “pequeno pássaro cantor” parou de cantar depois do “encontro” com Meilani. Não conseguia. Não sentia mais alegria em cantar. Nós a vimos sofrer; testemunhamos sua luta e achávamos que ela talvez nunca mais voltasse a cantar. Uma noite ela veio ao nosso quarto e disse que não ia parar de cantar, mas que dedicaria suas interpretações a Meilani. Agora canta com uma força que não tinha antes de tudo isso acontecer.

Ela queria saber tudo sobre Meilani. Não sei se seria doloroso demais para vocês conversarem com ela sobre isso, mas se acham que seria um conforto e alívio, J. adoraria ouvir tudo o que têm para contar.

Mais uma vez, muito obrigada por comunicarem o amor de Deus por J. na carta que lhe enviaram. Que Deus os abençoe ricamente e console vocês e toda a sua família.

Conheço a dor de perder um filho. É muito difícil. Mas também tenho vivenciado o consolo, a paz e a cura interior resultantes de perdoar apesar da dor que se sente. O perdão não só tira o culpado de um poço infernal e lhe dá esperança e coragem para voltar a viver, mas também resgata interiormente os que perdoam.

Apesar de o perdão não mudar o passado, pode transformar o futuro. Demora um pouco para o sentimento sarar, como acontece com um ferimento profundo. Ainda tenho batalhas emocionais e às vezes sou puxada para o fundo pelas ondas da dor. Mas acredito que um dia a ferida vai cicatrizar. E apesar de sobrar a cicatriz, a poção mágica do perdão não deixará a ferida infeccionar.

Mei partiu do plano físico, mas continua viva no plano espiritual. Apenas passou para outra dimensão. Ela me disse que o Céu é maravilhoso e que se sente muito feliz. E que não foi por acaso que nos deixou. Não foi uma obra cruel do destino. Eram muitas as peças no grandioso, lindo e maravilhoso quebra cabeças da sua vida. No momento não conseguimos identificar muitas dessas peças, mas com o passar do tempo entenderemos e veremos claramente. Então saberemos que Deus verdadeiramente faz todas as coisas bem, que os Seus caminhos são perfeitos e em nada faltam.

Um dos meus versículos favoritos diz que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem”[2]. Quando procuramos ver o positivo em uma situação ruim, acreditando que Deus o permitiu porque tem um plano especial, as dificuldades e as batalhas podem se transformar em lindas experiências, pois aprendemos e crescemos a partir delas, além de podermos ajudar outros na mesma situação.

Quando perdi Mei, me agarrei a essa promessa com unhas e dentes. Apesar de não conseguir ver nada de positivo, confiei que Deus faria tudo contribuir para o bem de alguma forma. Talvez uma das coisas boas tenha sido aproximar a nossa família da família de J. Quanto mais nos conhecemos, mais parece que nos conhecíamos há tempos. É estranho dizer isso, mas existe um vínculo muito forte entre as duas famílias.

Quando saio à noite, fecho os olhos e sinto Mei bem pertinho. Ela me diz: “Não se preocupe, mamãe! Vai dar tudo certo!” É verdade. Tenho um anjo que me acompanha. Agora Mei é a minha conexão com o Céu.

Mei é uma sementinha que caiu ao chão e dará muito fruto, na nossa vida, na vida dos nossos outros filhos, na vida de J., de sua família, de todos os que conheciam e amavam Mei. — Isso porque existe um Deus que conhece, ama, cuida e age poderosamente na vida dos Seus filhos.

Publicado originalmente em agosto 2009. Adaptado e republicado em março 2014. Tradução Hebe Rondon Flandoli.


[1] Veja João 8:3–11.

[2] Romanos 8:28.

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