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D. Brandt Berg
A mais ardorosa controvérsia religiosa que já se viu no mundo tem sido sempre entre as religiões do tipo “você consegue” (por esforço próprio) e a aquela segundo a qual só Deus pode salvar o ser humano. A humanidade tem tentado alcançar a salvação com uma mínima ajuda de Deus para não precisar agradecer muito e assumir todo o mérito, fazer o que bem entende e seguir o seu próprio caminho.
O primeiro homicida que já existiu era um adepto da religião do faça–você-mesmo. Ao matar Abel, um homem que confiava em Deus, Caim deu início à perseguição da verdadeira reliigão pela falsa religião. Caim era religioso, muito pio. Esforçava-se sobremaneira para salvar-se por seu próprio esforço, inclusive oferecendo sacrifícios a Deus e dizendo adorá-lO. Queria muito que Deus o ajudasse a alcançar a salvação. Mas por melhor que fizesse, não bastava.
Ele não agia à maneira de Deus, mas à maneira das religiões falsas, todas dependentes da justiça própria e do seu próprio caminho. A maioria delas diz adorar a Deus e buscar uma ajudinha dEle para alcançarem o Céu, mas se esforçam tanto que, na sua opinião, merecem a salvação, com ou sem a ajuda de Deus. E ficam ofendidas caso Ele aparentemente não valorize devidamente a sua bondade. “Olha, Deus, veja tudo o que fiz por Você. Eu acho até que mereço uma medalha. Eu realmente mereço ser salvo. Se Você for salvar alguém, esse alguém deveria ser eu. Se alguém vai chegar ao Céu, com certeza deveria ser eu!”
Abel, por outro lado, atendia ao que Deus lhe pedia, “e ofereceu a Deus sacrifício mais excelente do que Caim”, o sacrifício de fé pura na Palavra de Deus. Ele acreditava no sacrifício de sangue de um cordeiro, simbolizando a salvação apenas por meio do sangue de Cristo, em uma demonstração de confiança em Deus, só na Sua justiça, mais nada. Sabia que era estritamente uma dádiva.
Caim, um homem que cresceu às suas próprias custas, um religioso dedicado seguindo a sua própria forma de adoração completamente sem sentido, fez papel de tolo com todo o seu esforço. E ficou furioso ao ver a sua hipocrisia desmascarada dessa forma. Foi um golpe muito duro depois de todo o seu trabalho e esforço na carne, do seu raciocínio legalista, das suas exigências pela salvação com base em suas obras, e de sua insistência em fazer à sua maneira. Por isso quis pôr fim à terrível verdade de que a sua religião não poderia salvá-lo, e então matou o homem cuja fé simples na graça de Deus o desmascarou.[1]
Assim começou a grande batalha entre o orgulho e a humildade, os religiosos legalistas e os pecadores salvos, a guerra permanente que tem sido travada desde então entre a Babilônia carnal e a Jerusalém espiritual, a carne e o Espírito, as obras e a fé, a lei e a graça, o ego e Deus.
O resultado é um dos maiores mal-entendidos e uma das interpretações mais errôneas das Escrituras até hoje. Desde então as pessoas têm tentado se salvar dando o mínimo mérito a Deus e distorcendo as Escrituras para provarem que é possível.
Pelo fato de Deus não poder ajudá-lo a ficar salvo e você não conseguir salvar-se sozinho – por mais que tente obter ajuda de Deus, e como não é possível servir a dois senhores -- você próprio e Deus -- e não é possível servir a Deus e a Mammon[2], os religiosos acabaram servindo a Mammon apenas, sem Deus. Resultado? Pereceram no Dilúvio dos juízos de Deus. Apenas Noé e sua família se salvaram, pela graça de Deus, dentro da Arca, um simbolismo do Cristo. As águas que destruíram aqueles que tanto se esforçavam pela salvação por meio de obras, salvou os que acreditavam em Deus e nEle confiavam.
Mesmo assim a humanidade não aprendeu. Como disse o grande historiador Toynbee: “A única coisa que aprendemos com a história é que jamais aprendemos com ela”.[3] Não demorou muito e voltaram à ativa, desta vez construindo uma torre para chegarem ao céu por seus próprios meios, se tornarem famosos e ganharem reconhecimento por sua grandeza. Mas também não funcionou, construíram a Torre de Babel, que significa confusão total. -- E nós temos sofrido dessa confusão de vozes e línguas desde então.[4]
Até Abraão tentou aprontar algumas para salvar a si e à sua posteridade. Mas Deus teve que lhe mostrar que era tudo por fé e pelo poder milagroso de Deus, não pela força da sua carne.[5]
Moisés tentou e caiu de cara no chão diante de Deus no deserto quando percebeu que não conseguiria por força própria. Os filhos de Israel tentaram e foram derrotados muitas vezes quando acharam que o seu próprio braço os salvaria.
Até mesmo Sansão percebeu que sem o poder de Deus ele era um fracote. E também Saul, Davi, e Salomão, todos eles descobriram que ao agirem por conta própria sempre fizeram asneiras, quando não admitiam que apenas Deus poderia salvá-los, que era tudo obra dEle e nada mais.[6].
Esse foi o pomo de discórdia entre os primeiros cristãos. Alguns acreditavam que bastava crer para ser salvo, já outros achavam ser preciso também guardar a lei. No caso dos cristãos de ascendência judia, eles não conseguiam evitar se considerar um pouco melhores do que os gentios, até mesmo entre os irmãos cristãos. “Mas é claro que acreditamos que Jesus é o Messias”, diziam, “mas ainda precisamos seguir a antiga Lei para ajudá-lO a nos salvar.” Paulo ficou tão enojado com essa detestável combinação de obras e graça que censurou Pedro publicamente por causa disso,[7] e passou a maior parte dos seus anos combatendo essa questão em epístola atrás de epístola.
Eu também passei alguns anos iludido quando ainda jovem na fé. Foram anos de inseguração e incerteza, sentindo-me desencorajado e derrotado até entender que bastava acreditar para ser salvo, mais nada. “Quem crê no Filho tem a vida eterna.”[8] Agora mesmo. Sem condições, sem obrigações de “se comportar e ir à igreja todos os domingos”, sem essa história de perfeição e santidade dos supostos santos farisaicos que se consideram melhores do que os outros.
Eu simplesmente não ia conseguir a salvação, e sabia. Parecia que quanto mais me esforçava para ser bom, pior eu ficava. “Quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor.”[9] E é só isso, mais nada, nenhum outro meio. A sua própria justiça nada vale; suas boas obras de nada servem. Nada disso pode mantê-lo salvo, que dirá salvá-lo. Apenas Jesus pode fazê-lo. E Ele não só o salva, mas também faz a obra através de você. É tudo Jesus, nada do seu farisaísmo. Só Jesus. Foi um grande alívio, porque eu sabia que, se não fosse assim, jamais conseguiria ser salvo. Tinha que ser obra de Deus, eu simplesmente não conseguiria.
O problema com muitos cristãos hoje é que ainda vivem segundo o Antigo Testamento, com uma religião de obras. Quando nossos primeiros missionários foram para o Japão, o povo lhes perguntava, “Vocês são crsitãos do Antigo ou do Novo Testamento?” No início eles não entendiam o que queriam dizer, mas logo descobriram que cristão do Antigo Testamento significava aquele que enfatizava mais templos, catedrais, cerimônias, rituais e tradição, uma religião principalmente de obras. Já o cristão do Novo Testamento era o que enfatizava não prédios, pompa e as coisas que se vê, mas as coisas simples do cotidiano cristão, como Jesus e Seus discípulos faziam, e as coisas invisíveis do Espírito. Uma comparação e tanto, e uma grande verdade!
Muitas religiões e seus seguidores ainda vivem no passado, até mesmo dentro de um contexto pagão, herdado de muitos resíduos de idolatria e seu amor por edifícios, adoração a templos, sacerdócio e santidade, vestuário elaborado, cerimônias complicadas, tradições e superstições, e um poder ditatorial sobre as almas das pessoas, fazendo comércio delas por insistirem na salvação pelas obras – o seu tipo de obras, segundo a sua religião, aquele monopólio que dizem ter no reino de Deus.
Até mesmo Deus teve dificuldades de livrar os filhos de Israel da idolatria do Egito. Foi preciso guiá-los com Moisés, usando a Lei como professor, por meio de ilustrações e rituais infantis, exemplos físicos, como, por exemplo, o Tabernáculo, a Arca, o sacrifício animal, e o sangue de animais. Tudo isso exemplificando, ilustrando as realidades espirituais e verdades eternas. Ele estava usando comparações quase que ridículas, como flanelógrafos e canções com coreografia para demonstrar verdades espirituais para criancinhas. Precisou usar o que entendiam, coisas que lhes eram familiares com base nas religiões do Egito e de outras nações pagãs vizinhas, como um pai, tentando lhes mostrar as verdades espirituais autênticas da adoração madura que deveriam ter por Deus. Como diz o apóstolo, todas essas coisas foram “figuras verdadeiro”[10], exemplos, ilustrações das coisas invisíveis do Espírito.
Mas as figuras e sombras, as ilustrações do Antigo Testamento oferecem um estudo específico. Como diz Paulo, “Agora vemos em espelho, de maneira obscura... então conhecerei como também sou conhecido”. “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino, raciocinava como menino. Mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” “...Mas quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.”[11]
Paulo estava dizendo que até mesmo os dons do Espírito desta era iluminada são praticamente como brinquedos infantis de um Pai amoroso para Seus filhinhos simplórios para ajudá-los a conhecer a Ele e à Sua vontade. Quanto mais então são as lições físicas da adoração no Templo no Antigo Testamento brinquedos ainda mais infantis para crianças menores espiritualmente para ajudá-las a entender o amor do Pai.
Mas, “havendo Deus outrora falado muitas vezes, e de muitas maneiras aos pais pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho”[12]. E quando Jesus veio, disse à mulher junto ao poço em Samaria, “A hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai… mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade.”[13] É esse o estágio espiritual que hoje vivemos no Senhor.
Paulo vai além na sua epístola aos coríntios. Ele diz que virá o tempo quando veremos Jesus face a face e deixaremos os dons infantis da comunicação no Espírito. Pois, “havendo profecias cessarão; havendo línguas desaparecerão; havendo conhecimento, passará. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos. Mas quando vier o que é prefeito, então o que é em parte será aniquilado.”[14] Até mesmo o que conhecemos hoje é apenas uma amostra da gloriosa realidade por vir.
No Antigo Testamento havia as ilustrações; no Novo Testamento temos as verdades espirituais -- apenas por fé.[15] Mas quando Jesus voltar, nós O veremos como Ele é, e seremos literalmente como Ele, face a face, vivenciando plenamente as realidades de Deus e do mundo por vir. Aleluia. Agora temos a salvação por fé e no espírito, mas no futuro será uma realidade visível, tangível, com um novo corpo e um novo mundo, a plenitude.
Publicado originalmente em fevereiro de 1971. Adaptado e republicado em janeiro de 2013. Tradução Hebe Rondon Flandoli. Revisão Denise Oliveira. Copyright@thefamily.org
Footnotes:
[1] Gênesis 4:1–8.
[2] Mateus 6:24.
[3] Friedrich Hegel, German philosopher, 1770–1831.
[4] Gênesis 11:1–9.
[5] Gênesis 12:10–20, 20:1–18.
[6] Ver Êxodos, 1 e 2 Samuel e Juízes.
[7] Gálatas 2:11–21.
[8] João 3:36.
[9] Romanos 7:24–25.
[10] Hebreus 9:24.
[11] 1 Coríntios 13:10–12.
[12] Hebreus 1:1–2.
[13] João 4:21–24.
[14] 1 Coríntios 13:8–10.
[15] João 1:17.
D. Brandt Berg
A mais ardorosa controvérsia religiosa que já se viu no mundo tem sido sempre entre as religiões do tipo “você consegue” (por esforço próprio) e a aquela segundo a qual só Deus pode salvar o ser humano. A humanidade tem tentado alcançar a salvação com uma mínima ajuda de Deus para não precisar agradecer muito e assumir todo o mérito, fazer o que bem entende e seguir o seu próprio caminho.
O primeiro homicida que já existiu era um adepto da religião do faça–você-mesmo. Ao matar Abel, um homem que confiava em Deus, Caim deu início à perseguição da verdadeira reliigão pela falsa religião. Caim era religioso, muito pio. Esforçava-se sobremaneira para salvar-se por seu próprio esforço, inclusive oferecendo sacrifícios a Deus e dizendo adorá-lO. Queria muito que Deus o ajudasse a alcançar a salvação. Mas por melhor que fizesse, não bastava.
Ele não agia à maneira de Deus, mas à maneira das religiões falsas, todas dependentes da justiça própria e do seu próprio caminho. A maioria delas diz adorar a Deus e buscar uma ajudinha dEle para alcançarem o Céu, mas se esforçam tanto que, na sua opinião, merecem a salvação, com ou sem a ajuda de Deus. E ficam ofendidas caso Ele aparentemente não valorize devidamente a sua bondade. “Olha, Deus, veja tudo o que fiz por Você. Eu acho até que mereço uma medalha. Eu realmente mereço ser salvo. Se Você for salvar alguém, esse alguém deveria ser eu. Se alguém vai chegar ao Céu, com certeza deveria ser eu!”
Abel, por outro lado, atendia ao que Deus lhe pedia, “e ofereceu a Deus sacrifício mais excelente do que Caim”, o sacrifício de fé pura na Palavra de Deus. Ele acreditava no sacrifício de sangue de um cordeiro, simbolizando a salvação apenas por meio do sangue de Cristo, em uma demonstração de confiança em Deus, só na Sua justiça, mais nada. Sabia que era estritamente uma dádiva.
Caim, um homem que cresceu às suas próprias custas, um religioso dedicado seguindo a sua própria forma de adoração completamente sem sentido, fez papel de tolo com todo o seu esforço. E ficou furioso ao ver a sua hipocrisia desmascarada dessa forma. Foi um golpe muito duro depois de todo o seu trabalho e esforço na carne, do seu raciocínio legalista, das suas exigências pela salvação com base em suas obras, e de sua insistência em fazer à sua maneira. Por isso quis pôr fim à terrível verdade de que a sua religião não poderia salvá-lo, e então matou o homem cuja fé simples na graça de Deus o desmascarou.[1]
Assim começou a grande batalha entre o orgulho e a humildade, os religiosos legalistas e os pecadores salvos, a guerra permanente que tem sido travada desde então entre a Babilônia carnal e a Jerusalém espiritual, a carne e o Espírito, as obras e a fé, a lei e a graça, o ego e Deus.
O resultado é um dos maiores mal-entendidos e uma das interpretações mais errôneas das Escrituras até hoje. Desde então as pessoas têm tentado se salvar dando o mínimo mérito a Deus e distorcendo as Escrituras para provarem que é possível.
Pelo fato de Deus não poder ajudá-lo a ficar salvo e você não conseguir salvar-se sozinho – por mais que tente obter ajuda de Deus, e como não é possível servir a dois senhores -- você próprio e Deus -- e não é possível servir a Deus e a Mammon[2], os religiosos acabaram servindo a Mammon apenas, sem Deus. Resultado? Pereceram no Dilúvio dos juízos de Deus. Apenas Noé e sua família se salvaram, pela graça de Deus, dentro da Arca, um simbolismo do Cristo. As águas que destruíram aqueles que tanto se esforçavam pela salvação por meio de obras, salvou os que acreditavam em Deus e nEle confiavam.
Mesmo assim a humanidade não aprendeu. Como disse o grande historiador Toynbee: “A única coisa que aprendemos com a história é que jamais aprendemos com ela”.[3] Não demorou muito e voltaram à ativa, desta vez construindo uma torre para chegarem ao céu por seus próprios meios, se tornarem famosos e ganharem reconhecimento por sua grandeza. Mas também não funcionou, construíram a Torre de Babel, que significa confusão total. -- E nós temos sofrido dessa confusão de vozes e línguas desde então.[4]
Até Abraão tentou aprontar algumas para salvar a si e à sua posteridade. Mas Deus teve que lhe mostrar que era tudo por fé e pelo poder milagroso de Deus, não pela força da sua carne.[5]
Moisés tentou e caiu de cara no chão diante de Deus no deserto quando percebeu que não conseguiria por força própria. Os filhos de Israel tentaram e foram derrotados muitas vezes quando acharam que o seu próprio braço os salvaria.
Até mesmo Sansão percebeu que sem o poder de Deus ele era um fracote. E também Saul, Davi, e Salomão, todos eles descobriram que ao agirem por conta própria sempre fizeram asneiras, quando não admitiam que apenas Deus poderia salvá-los, que era tudo obra dEle e nada mais.[6].
Esse foi o pomo de discórdia entre os primeiros cristãos. Alguns acreditavam que bastava crer para ser salvo, já outros achavam ser preciso também guardar a lei. No caso dos cristãos de ascendência judia, eles não conseguiam evitar se considerar um pouco melhores do que os gentios, até mesmo entre os irmãos cristãos. “Mas é claro que acreditamos que Jesus é o Messias”, diziam, “mas ainda precisamos seguir a antiga Lei para ajudá-lO a nos salvar.” Paulo ficou tão enojado com essa detestável combinação de obras e graça que censurou Pedro publicamente por causa disso,[7] e passou a maior parte dos seus anos combatendo essa questão em epístola atrás de epístola.
Eu também passei alguns anos iludido quando ainda jovem na fé. Foram anos de inseguração e incerteza, sentindo-me desencorajado e derrotado até entender que bastava acreditar para ser salvo, mais nada. “Quem crê no Filho tem a vida eterna.”[8] Agora mesmo. Sem condições, sem obrigações de “se comportar e ir à igreja todos os domingos”, sem essa história de perfeição e santidade dos supostos santos farisaicos que se consideram melhores do que os outros.
Eu simplesmente não ia conseguir a salvação, e sabia. Parecia que quanto mais me esforçava para ser bom, pior eu ficava. “Quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor.”[9] E é só isso, mais nada, nenhum outro meio. A sua própria justiça nada vale; suas boas obras de nada servem. Nada disso pode mantê-lo salvo, que dirá salvá-lo. Apenas Jesus pode fazê-lo. E Ele não só o salva, mas também faz a obra através de você. É tudo Jesus, nada do seu farisaísmo. Só Jesus. Foi um grande alívio, porque eu sabia que, se não fosse assim, jamais conseguiria ser salvo. Tinha que ser obra de Deus, eu simplesmente não conseguiria.
O problema com muitos cristãos hoje é que ainda vivem segundo o Antigo Testamento, com uma religião de obras. Quando nossos primeiros missionários foram para o Japão, o povo lhes perguntava, “Vocês são crsitãos do Antigo ou do Novo Testamento?” No início eles não entendiam o que queriam dizer, mas logo descobriram que cristão do Antigo Testamento significava aquele que enfatizava mais templos, catedrais, cerimônias, rituais e tradição, uma religião principalmente de obras. Já o cristão do Novo Testamento era o que enfatizava não prédios, pompa e as coisas que se vê, mas as coisas simples do cotidiano cristão, como Jesus e Seus discípulos faziam, e as coisas invisíveis do Espírito. Uma comparação e tanto, e uma grande verdade!
Muitas religiões e seus seguidores ainda vivem no passado, até mesmo dentro de um contexto pagão, herdado de muitos resíduos de idolatria e seu amor por edifícios, adoração a templos, sacerdócio e santidade, vestuário elaborado, cerimônias complicadas, tradições e superstições, e um poder ditatorial sobre as almas das pessoas, fazendo comércio delas por insistirem na salvação pelas obras – o seu tipo de obras, segundo a sua religião, aquele monopólio que dizem ter no reino de Deus.
Até mesmo Deus teve dificuldades de livrar os filhos de Israel da idolatria do Egito. Foi preciso guiá-los com Moisés, usando a Lei como professor, por meio de ilustrações e rituais infantis, exemplos físicos, como, por exemplo, o Tabernáculo, a Arca, o sacrifício animal, e o sangue de animais. Tudo isso exemplificando, ilustrando as realidades espirituais e verdades eternas. Ele estava usando comparações quase que ridículas, como flanelógrafos e canções com coreografia para demonstrar verdades espirituais para criancinhas. Precisou usar o que entendiam, coisas que lhes eram familiares com base nas religiões do Egito e de outras nações pagãs vizinhas, como um pai, tentando lhes mostrar as verdades espirituais autênticas da adoração madura que deveriam ter por Deus. Como diz o apóstolo, todas essas coisas foram “figuras verdadeiro”[10], exemplos, ilustrações das coisas invisíveis do Espírito.
Mas as figuras e sombras, as ilustrações do Antigo Testamento oferecem um estudo específico. Como diz Paulo, “Agora vemos em espelho, de maneira obscura... então conhecerei como também sou conhecido”. “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino, raciocinava como menino. Mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” “...Mas quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.”[11]
Paulo estava dizendo que até mesmo os dons do Espírito desta era iluminada são praticamente como brinquedos infantis de um Pai amoroso para Seus filhinhos simplórios para ajudá-los a conhecer a Ele e à Sua vontade. Quanto mais então são as lições físicas da adoração no Templo no Antigo Testamento brinquedos ainda mais infantis para crianças menores espiritualmente para ajudá-las a entender o amor do Pai.
Mas, “havendo Deus outrora falado muitas vezes, e de muitas maneiras aos pais pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho”[12]. E quando Jesus veio, disse à mulher junto ao poço em Samaria, “A hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai… mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade.”[13] É esse o estágio espiritual que hoje vivemos no Senhor.
Paulo vai além na sua epístola aos coríntios. Ele diz que virá o tempo quando veremos Jesus face a face e deixaremos os dons infantis da comunicação no Espírito. Pois, “havendo profecias cessarão; havendo línguas desaparecerão; havendo conhecimento, passará. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos. Mas quando vier o que é prefeito, então o que é em parte será aniquilado.”[14] Até mesmo o que conhecemos hoje é apenas uma amostra da gloriosa realidade por vir.
No Antigo Testamento havia as ilustrações; no Novo Testamento temos as verdades espirituais -- apenas por fé.[15] Mas quando Jesus voltar, nós O veremos como Ele é, e seremos literalmente como Ele, face a face, vivenciando plenamente as realidades de Deus e do mundo por vir. Aleluia. Agora temos a salvação por fé e no espírito, mas no futuro será uma realidade visível, tangível, com um novo corpo e um novo mundo, a plenitude.
Publicado originalmente em fevereiro de 1971. Adaptado e republicado em janeiro de 2013. Tradução Hebe Rondon Flandoli. Revisão Denise Oliveira. Copyright@thefamily.org
Footnotes:
[1] Gênesis 4:1–8.
[2] Mateus 6:24.
[3] Friedrich Hegel, German philosopher, 1770–1831.
[4] Gênesis 11:1–9.
[5] Gênesis 12:10–20, 20:1–18.
[6] Ver Êxodos, 1 e 2 Samuel e Juízes.
[7] Gálatas 2:11–21.
[8] João 3:36.
[9] Romanos 7:24–25.
[10] Hebreus 9:24.
[11] 1 Coríntios 13:10–12.
[12] Hebreus 1:1–2.
[13] João 4:21–24.
[14] 1 Coríntios 13:8–10.
[15] João 1:17.
2 Comments:
Eu realmente gosto desta palestra. Isso realmente mostra a diferença entre a verdadeira crença em Deus com a falsa!
Paz e Deus te abençoe de Joaquim
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