D. Brandt Berg
Tive um lindíssimo sonho sobre fé. Eu e Maria íamos caminhando de mãos dadas, sozinhos, mas, por estranho que pareça, íamos por uma rodovia que atravessava uma região semidesértica, despovoada e descampada.
Parecíamos estar um pouco perdidos e procurando algo, procurando o lugar para onde íamos, ou pelo menos algum sinal de civilização, e estávamos quase um pouco inquietos, preocupados, receosos e apreensivos porque parecia estarmos tão longe, no meio do nada e não chegando a lugar nenhum. Íamos caminhando, esperando ver algum sinal de vida e carros, mas não havia nada.
Foi então que, de repente, chegamos a uma pequena estrada branca, como se fosse de concreto branco, e estreita. Parecia mais uma estradinha particular, indo para a esquerda e descendo um pequeno declive. E a uns cem metros ou algo assim havia uma espécie de lindo pórtico ornamental, que só por si era um edifício. Parecia um portal de castelo, com o castelo construído em volta e o portão passando por ele como um túnel.
E vi imediatamente que era a casa de um clube, uma espécie de clube de campo. Tínhamos encontrado, por acaso, um maravilhoso clube de campo com um lindo campo de golfe, que parecia se estender quase até o horizonte. Por isso, ficamos muito felizes por ter encontrado algum sinal de civilização, e fomos pela estradinha pavimentada de branco em direção ao portal aberto, sem encontrar ainda nenhum sinal de vida, ninguém por ali.
Quando atravessamos o estacionamento e chegamos ao lindo gramado, vimos uma longa fila de árvores ao longo de uma estrada ladeada de árvores altas alinhadas de ambos os lados que conduzia a uma linda cidadezinha de campo ao longe, a qual parecia ficar a apenas uns dois quilômetros de distância.
Mas, nesta altura, eu já estava muito, muito cansado, porque, pelo visto, tínhamos caminhado muito. Mesmo um par de quilômetros que fosse, ou uma milha ou duas, parecia um longo caminho. Então, olhei anelante para a linda cidadezinha rural à distância e depois para a Maria de uma forma um tanto interrogativa, como se perguntasse: "Como ainda vamos andar tudo isso para chegar lá?”
Então, por alguma razão, ocorreu-me que, num lugar assim civilizado e com um clube de campo, deveria haver algum transporte público. E, como que levado por essa orientação ou fé, olhei em volta, na direção do clube. E, como não podia deixar de ser, exatamente quando me virei e olhei para trás, vinha chegando um ônibus, como um ônibus de cidade ou de interior, talvez um ônibus rural ou interurbano, vindo da mesma rodovia por onde nós viéramos, e descendo a linda estradinha pavimentada de branco que levava até o arco do clube. Aí parou para descerem e subirem passageiros.
Nossos corações pularam de alegria quando pensamos: "Graças a Deus, um ônibus! Assim não vamos ter que ir a pé para a cidade, podemos pegar o ônibus!" Começamos a andar rápido em direção à estrada pela qual ele seguiria para a cidadezinha. Mas, pelo visto, não tínhamos agido rápido o suficiente! Tínhamos ficado ali parados, olhando para o ônibus tempo demais, olhando para ver o que dizia o letreiro na frente dele, para ver para onde ia, etc. Tínhamos ficado ali estudando a situação tempo demais e ele estava ganhando velocidade mais rapidamente do que esperáramos.
Começamos a correr, mas justo quando nos aproximávamos da linda estradinha que levava à cidade, de repente, o ônibus sumiu de vista, seguindo por uma pequena descida por detrás de uma pequena colina do campo de golfe. Ficamos muito desanimados porque vimos que não tínhamos agido tão rápido como deveríamos e ele estava se afastando.
Pensamos em gritar para que parasse, mas era praticamente tarde demais quando chegamos à estrada e o ônibus já tinha passado. Olhamos para a estrada e o vimos aparecer outra vez lá ao longe, descendo a linda estrada ladeada de árvores, por entre as árvores, e desaparecendo na distância, em direção à cidadezinha.
De repente, uma voz pareceu dizer: "Não tiveram fé suficiente."—Exatamente da mesma maneira como o Senhor fala em nosso coração, mas por vezes tão claramente que até parece que as palavras são realmente proferidas em voz alta. "Deveriam ter tido mais fé." Deveríamos ter gritado para o ônibus parar, deveríamos ter feito sinal para ele parar, reagido com mais rapidez e tido mais fé de que era um ônibus que podíamos pegar e que ia para a cidadezinha.
Quando finalmente decidimos que o ônibus ia passar por onde estávamos e descer a estradinha em direção à linda cidadezinha de interior, era tarde demais. Não tínhamos nos decidido rápido o bastante, não tínhamos corrido suficientemente rápido nem tínhamos chamado alto o bastante para o pegarmos. Por isso, foi embora e desapareceu pela pequena estrada, em direção à cidadezinha, e nós ficamos muito desanimados.
Havíamos perdido uma oportunidade de ouro, de finalmente pegar um transporte e não termos que andar mais, quando estávamos tão cansados e praticamente exaustos. Fiquei tão desapontado por ter perdido o ônibus que estava pronto para cair na grama e chorar. Estava tão triste, frustrado e desanimado.
Mas, de repente, escutei umas vozes que pareciam exatamente as de meu pai e minha mãe, exatamente como eles costumavam cantar juntos estes dois lindos coros:
Siga acreditando no Senhor,
Ele responde à oração.
Dores e males já vão passar,
Não tema nada Jesus perto está.
A tempestade já vai passar,
O arco-íris já vai brilhar.
Creia em tudo que Ele prometeu;
Acreditando e louvando a Deus.[1]
E o outro estribilhozinho que começa exatamente com as mesmas palavras:
Continue acreditando, Jesus está aqui!
Continue acreditando, não há nada a temer!
Continue acreditando, este é o caminho,
Sempre seguro, de dia ou de noite.[2]
Olha, se não fossem aquelas duas canções, acho que quase teria desistido! Mas senti-me encorajado a não desistir nem ficar desanimado por que o Senhor ainda estava conosco e ia ajudar-nos, apesar de termos sido fracos na fé e não termos tido fé suficiente para agirmos com rapidez e aproveitado a nossa oportunidade e a provisão de Deus. Deus ainda assim iria cuidar de nós. Lembro-me de meus pais cantarem juntos essas canções muitas vezes durante a minha infância para levantar-nos o ânimo e nos encorajar.
E comecei a pensar como a vida é tão parecida com aquele sonho e quantos de nós passamos por experiências tão desoladoras, errando pelos ermos deste mundo seco, escarpado, rochoso, áspero, totalmente perdidos, vagueando pelas colinas em busca de algo, algo que não sabíamos o que era, mas sentindo-nos perdidos, sabendo que precisávamos encontrar algum lugar, ir a algum lugar, e parar de vaguear por esse deserto de uma vida solitária, longe de amigos e entes queridos, da humanidade, quase parecendo separados do próprio Deus.—Quando, de repente, apareceu na nossa frente uma linda estradinha branca que, para mim, simboliza o caminho da salvação.
Nós entramos por acaso no caminho certo e pelo portão certo, pela porta — que, claro, é só Jesus. Ficamos muito salvos, num certo sentido, e muito aliviados e felizes por termos encontrado o caminho para aquele maravilhoso novo mundo da deslumbrante e quase divina estradinha que seguia por entre as árvores, em direção à linda cidadezinha rural lá ao longe. Esta, na ocasião, no sonho, quase nos pareceu o céu, e talvez representasse mesmo o céu.
Mas nós estávamos exaustos, muito cansados, e buscando o caminho certo por onde seguir, esperando pegar alguma carona ou transporte, e ali chegou ele! Demoramos demais para acreditar. Às vezes, podemos ver a vontade de Deus e a Sua mão pronta para ajudar-nos e, contudo, não a pegamos rápido o suficiente, não estamos orando o suficiente, não temos fé suficiente, e foi o que nos disse a voz quando perdemos o ônibus:
"Vocês não tiveram fé suficiente! Deviam ter tido mais fé." Devíamos ter gritado para que parasse, acenado para que parasse. No momento em que vimos aquele ônibus, devíamos ter corrido para pegá-lo e chamado em alta voz para que esperasse por nós, porque algumas oportunidades só acontecem uma vez e depois desaparecem.
De certa forma, parece que o ônibus representava a vontade de Deus para nós, o meio mais rápido de chegarmos ao nosso destino, a maneira mais fácil no poder do Seu Espírito e não na energia da nossa carne.—Levados pelo potente motor daquele ônibus, a vontade de Deus, em vez de termos que nos arrastar com as nossas pobres pernas cansadas, na força fraquinha da nossa carne.
Se tivéssemos tido mais fé teríamos corrido e gritado para que nos ajudassem e entrado no ônibus da vontade de Deus, seguindo na direção em que Ele queria que nós fôssemos. Poderíamos ter pegado o ônibus da vontade de Deus que teria nos levado com facilidade e potência para o nosso destino celestial naquela cidadezinha lá à distância. Parecia as colinas e campos gramados do próprio céu, e aquela aldeia do interior lá ao longe, uma linda cidadezinha que representava um lugar de destino celestial
Portanto, este sonho teve certamente uma lição para ensinar: que apesar de terem deixado os ermos desérticos do pecado, sua vida passada e entrado pelo lindo portão aberto da salvação, caminhado pelo caminho branco e estreito do Senhor para a salvação e passado por aquele portão — a porta aberta de Jesus — para o mundo celestial totalmente novo das nossas vidas n’Ele, ainda podem perder as oportunidades de ouro de serviço, enviadas por Deus, por não terem a fé que deveriam para agir rapidamente quando surge uma oportunidade e correr para pegar a oportunidade de ouro das portas abertas que Ele lhes deu. Mas esperam demais, hesitam até perderem a coisa, ficam ali debatendo se é realmente o que devem fazer, se essa é a direção certa e se devem agir e correr para aproveitar a oportunidade, entrar e ir naquela direção
Se tiverem falhado, de alguma forma, a vontade de Deus e a Sua suprema e melhor vontade; se parecer que todas as oportunidades de ouro que Ele lhes ofereceu se foram e sumiram na distância, deixando-os sós e solitários, tristes, desanimados, desencorajados, derrotados e quase desesperados e nas últimas, não desistam! Prestem atenção às vozes celestiais que estão cantando para encorajá-los e dizer-lhes que a esperança não acabou. Ainda há esperança. Ainda há uma oportunidade. Talvez o Senhor vá mandar outroônibus e até possam pegar um que venha um pouco mais tarde.
Talvez tenham perdido o primeiro e não tenham chegado ao seu destino tão depressa como deveriam, mas talvez não tenham perdido o último, graças a Deus. O Senhor ainda vai ser misericordioso com vocês e enviar outro para que possam seguir a Sua direção, que os levará ao serviço do Senhor, levados pelo poder, o amor e a vontade de Deus até onde Ele quer que vão, com a facilidade do poder do Seu Espírito. O seu Salvador é o vencedor e os ajudará a vencer e a triunfar sobre a sepultura e sobre tudo. Talvez precisem muito simplesmente se enterrar mais na Palavra de Deus para encorajar a sua fé. "A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.”[3]
Então, sigam acreditando, nunca desistam. Sigam acreditando, não fiquem desanimados. Sigam acreditando, não desistam. Sigam sempre em frente. Continuem agarrando-se às promessas de Deus. Continuem firmando-se nas promessas e façam o que fizerem, continuem seguindo sempre por Jesus. Nunca parem, nunca desistam, nunca fiquem desencorajados. Não percam a fé só porque acham que perderam o último ônibus. Continuem esperando no Senhor um pouco mais e Ele lhes enviará outro ônibus, outra oportunidade, outra chance.
Se estiverem verdadeiramente arrependidos e quiserem mesmo achar a vontade de Deus, tenho certeza que Ele enviará outro ônibus de oportunidade de ouro para pegá-los e levantá-los, levantar os seus espíritos, encorajá-los, inspirá-los, fortalecê-los, curá-los e levá-los no poder do Seu Espírito para a gloriosa vitória de seu destino celestial. Continuem acreditando! Rápido! Tenham fé! Peguem o ônibus!
Publicado originalmente em setembro de 1982. Adaptado e republicado em junho de 2013. Tradução Denise Oliveira.
[1] De "Keep On Believing,"[Siga Acreditando] de Frank C. Huston (1871–1959), em tradução livre.
[2] Adaptação de "Keep On Believing," por Lucy Milward Booth e Mildred Duff, 1901, em tradução livre.
[3] Romanos 10:17.
Tive um lindíssimo sonho sobre fé. Eu e Maria íamos caminhando de mãos dadas, sozinhos, mas, por estranho que pareça, íamos por uma rodovia que atravessava uma região semidesértica, despovoada e descampada.
Parecíamos estar um pouco perdidos e procurando algo, procurando o lugar para onde íamos, ou pelo menos algum sinal de civilização, e estávamos quase um pouco inquietos, preocupados, receosos e apreensivos porque parecia estarmos tão longe, no meio do nada e não chegando a lugar nenhum. Íamos caminhando, esperando ver algum sinal de vida e carros, mas não havia nada.
Foi então que, de repente, chegamos a uma pequena estrada branca, como se fosse de concreto branco, e estreita. Parecia mais uma estradinha particular, indo para a esquerda e descendo um pequeno declive. E a uns cem metros ou algo assim havia uma espécie de lindo pórtico ornamental, que só por si era um edifício. Parecia um portal de castelo, com o castelo construído em volta e o portão passando por ele como um túnel.
E vi imediatamente que era a casa de um clube, uma espécie de clube de campo. Tínhamos encontrado, por acaso, um maravilhoso clube de campo com um lindo campo de golfe, que parecia se estender quase até o horizonte. Por isso, ficamos muito felizes por ter encontrado algum sinal de civilização, e fomos pela estradinha pavimentada de branco em direção ao portal aberto, sem encontrar ainda nenhum sinal de vida, ninguém por ali.
Quando atravessamos o estacionamento e chegamos ao lindo gramado, vimos uma longa fila de árvores ao longo de uma estrada ladeada de árvores altas alinhadas de ambos os lados que conduzia a uma linda cidadezinha de campo ao longe, a qual parecia ficar a apenas uns dois quilômetros de distância.
Mas, nesta altura, eu já estava muito, muito cansado, porque, pelo visto, tínhamos caminhado muito. Mesmo um par de quilômetros que fosse, ou uma milha ou duas, parecia um longo caminho. Então, olhei anelante para a linda cidadezinha rural à distância e depois para a Maria de uma forma um tanto interrogativa, como se perguntasse: "Como ainda vamos andar tudo isso para chegar lá?”
Então, por alguma razão, ocorreu-me que, num lugar assim civilizado e com um clube de campo, deveria haver algum transporte público. E, como que levado por essa orientação ou fé, olhei em volta, na direção do clube. E, como não podia deixar de ser, exatamente quando me virei e olhei para trás, vinha chegando um ônibus, como um ônibus de cidade ou de interior, talvez um ônibus rural ou interurbano, vindo da mesma rodovia por onde nós viéramos, e descendo a linda estradinha pavimentada de branco que levava até o arco do clube. Aí parou para descerem e subirem passageiros.
Nossos corações pularam de alegria quando pensamos: "Graças a Deus, um ônibus! Assim não vamos ter que ir a pé para a cidade, podemos pegar o ônibus!" Começamos a andar rápido em direção à estrada pela qual ele seguiria para a cidadezinha. Mas, pelo visto, não tínhamos agido rápido o suficiente! Tínhamos ficado ali parados, olhando para o ônibus tempo demais, olhando para ver o que dizia o letreiro na frente dele, para ver para onde ia, etc. Tínhamos ficado ali estudando a situação tempo demais e ele estava ganhando velocidade mais rapidamente do que esperáramos.
Começamos a correr, mas justo quando nos aproximávamos da linda estradinha que levava à cidade, de repente, o ônibus sumiu de vista, seguindo por uma pequena descida por detrás de uma pequena colina do campo de golfe. Ficamos muito desanimados porque vimos que não tínhamos agido tão rápido como deveríamos e ele estava se afastando.
Pensamos em gritar para que parasse, mas era praticamente tarde demais quando chegamos à estrada e o ônibus já tinha passado. Olhamos para a estrada e o vimos aparecer outra vez lá ao longe, descendo a linda estrada ladeada de árvores, por entre as árvores, e desaparecendo na distância, em direção à cidadezinha.
De repente, uma voz pareceu dizer: "Não tiveram fé suficiente."—Exatamente da mesma maneira como o Senhor fala em nosso coração, mas por vezes tão claramente que até parece que as palavras são realmente proferidas em voz alta. "Deveriam ter tido mais fé." Deveríamos ter gritado para o ônibus parar, deveríamos ter feito sinal para ele parar, reagido com mais rapidez e tido mais fé de que era um ônibus que podíamos pegar e que ia para a cidadezinha.
Quando finalmente decidimos que o ônibus ia passar por onde estávamos e descer a estradinha em direção à linda cidadezinha de interior, era tarde demais. Não tínhamos nos decidido rápido o bastante, não tínhamos corrido suficientemente rápido nem tínhamos chamado alto o bastante para o pegarmos. Por isso, foi embora e desapareceu pela pequena estrada, em direção à cidadezinha, e nós ficamos muito desanimados.
Havíamos perdido uma oportunidade de ouro, de finalmente pegar um transporte e não termos que andar mais, quando estávamos tão cansados e praticamente exaustos. Fiquei tão desapontado por ter perdido o ônibus que estava pronto para cair na grama e chorar. Estava tão triste, frustrado e desanimado.
Mas, de repente, escutei umas vozes que pareciam exatamente as de meu pai e minha mãe, exatamente como eles costumavam cantar juntos estes dois lindos coros:
Siga acreditando no Senhor,
Ele responde à oração.
Dores e males já vão passar,
Não tema nada Jesus perto está.
A tempestade já vai passar,
O arco-íris já vai brilhar.
Creia em tudo que Ele prometeu;
Acreditando e louvando a Deus.[1]
E o outro estribilhozinho que começa exatamente com as mesmas palavras:
Continue acreditando, Jesus está aqui!
Continue acreditando, não há nada a temer!
Continue acreditando, este é o caminho,
Sempre seguro, de dia ou de noite.[2]
Olha, se não fossem aquelas duas canções, acho que quase teria desistido! Mas senti-me encorajado a não desistir nem ficar desanimado por que o Senhor ainda estava conosco e ia ajudar-nos, apesar de termos sido fracos na fé e não termos tido fé suficiente para agirmos com rapidez e aproveitado a nossa oportunidade e a provisão de Deus. Deus ainda assim iria cuidar de nós. Lembro-me de meus pais cantarem juntos essas canções muitas vezes durante a minha infância para levantar-nos o ânimo e nos encorajar.
E comecei a pensar como a vida é tão parecida com aquele sonho e quantos de nós passamos por experiências tão desoladoras, errando pelos ermos deste mundo seco, escarpado, rochoso, áspero, totalmente perdidos, vagueando pelas colinas em busca de algo, algo que não sabíamos o que era, mas sentindo-nos perdidos, sabendo que precisávamos encontrar algum lugar, ir a algum lugar, e parar de vaguear por esse deserto de uma vida solitária, longe de amigos e entes queridos, da humanidade, quase parecendo separados do próprio Deus.—Quando, de repente, apareceu na nossa frente uma linda estradinha branca que, para mim, simboliza o caminho da salvação.
Nós entramos por acaso no caminho certo e pelo portão certo, pela porta — que, claro, é só Jesus. Ficamos muito salvos, num certo sentido, e muito aliviados e felizes por termos encontrado o caminho para aquele maravilhoso novo mundo da deslumbrante e quase divina estradinha que seguia por entre as árvores, em direção à linda cidadezinha rural lá ao longe. Esta, na ocasião, no sonho, quase nos pareceu o céu, e talvez representasse mesmo o céu.
Mas nós estávamos exaustos, muito cansados, e buscando o caminho certo por onde seguir, esperando pegar alguma carona ou transporte, e ali chegou ele! Demoramos demais para acreditar. Às vezes, podemos ver a vontade de Deus e a Sua mão pronta para ajudar-nos e, contudo, não a pegamos rápido o suficiente, não estamos orando o suficiente, não temos fé suficiente, e foi o que nos disse a voz quando perdemos o ônibus:
"Vocês não tiveram fé suficiente! Deviam ter tido mais fé." Devíamos ter gritado para que parasse, acenado para que parasse. No momento em que vimos aquele ônibus, devíamos ter corrido para pegá-lo e chamado em alta voz para que esperasse por nós, porque algumas oportunidades só acontecem uma vez e depois desaparecem.
De certa forma, parece que o ônibus representava a vontade de Deus para nós, o meio mais rápido de chegarmos ao nosso destino, a maneira mais fácil no poder do Seu Espírito e não na energia da nossa carne.—Levados pelo potente motor daquele ônibus, a vontade de Deus, em vez de termos que nos arrastar com as nossas pobres pernas cansadas, na força fraquinha da nossa carne.
Se tivéssemos tido mais fé teríamos corrido e gritado para que nos ajudassem e entrado no ônibus da vontade de Deus, seguindo na direção em que Ele queria que nós fôssemos. Poderíamos ter pegado o ônibus da vontade de Deus que teria nos levado com facilidade e potência para o nosso destino celestial naquela cidadezinha lá à distância. Parecia as colinas e campos gramados do próprio céu, e aquela aldeia do interior lá ao longe, uma linda cidadezinha que representava um lugar de destino celestial
Portanto, este sonho teve certamente uma lição para ensinar: que apesar de terem deixado os ermos desérticos do pecado, sua vida passada e entrado pelo lindo portão aberto da salvação, caminhado pelo caminho branco e estreito do Senhor para a salvação e passado por aquele portão — a porta aberta de Jesus — para o mundo celestial totalmente novo das nossas vidas n’Ele, ainda podem perder as oportunidades de ouro de serviço, enviadas por Deus, por não terem a fé que deveriam para agir rapidamente quando surge uma oportunidade e correr para pegar a oportunidade de ouro das portas abertas que Ele lhes deu. Mas esperam demais, hesitam até perderem a coisa, ficam ali debatendo se é realmente o que devem fazer, se essa é a direção certa e se devem agir e correr para aproveitar a oportunidade, entrar e ir naquela direção
Se tiverem falhado, de alguma forma, a vontade de Deus e a Sua suprema e melhor vontade; se parecer que todas as oportunidades de ouro que Ele lhes ofereceu se foram e sumiram na distância, deixando-os sós e solitários, tristes, desanimados, desencorajados, derrotados e quase desesperados e nas últimas, não desistam! Prestem atenção às vozes celestiais que estão cantando para encorajá-los e dizer-lhes que a esperança não acabou. Ainda há esperança. Ainda há uma oportunidade. Talvez o Senhor vá mandar outroônibus e até possam pegar um que venha um pouco mais tarde.
Talvez tenham perdido o primeiro e não tenham chegado ao seu destino tão depressa como deveriam, mas talvez não tenham perdido o último, graças a Deus. O Senhor ainda vai ser misericordioso com vocês e enviar outro para que possam seguir a Sua direção, que os levará ao serviço do Senhor, levados pelo poder, o amor e a vontade de Deus até onde Ele quer que vão, com a facilidade do poder do Seu Espírito. O seu Salvador é o vencedor e os ajudará a vencer e a triunfar sobre a sepultura e sobre tudo. Talvez precisem muito simplesmente se enterrar mais na Palavra de Deus para encorajar a sua fé. "A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.”[3]
Então, sigam acreditando, nunca desistam. Sigam acreditando, não fiquem desanimados. Sigam acreditando, não desistam. Sigam sempre em frente. Continuem agarrando-se às promessas de Deus. Continuem firmando-se nas promessas e façam o que fizerem, continuem seguindo sempre por Jesus. Nunca parem, nunca desistam, nunca fiquem desencorajados. Não percam a fé só porque acham que perderam o último ônibus. Continuem esperando no Senhor um pouco mais e Ele lhes enviará outro ônibus, outra oportunidade, outra chance.
Se estiverem verdadeiramente arrependidos e quiserem mesmo achar a vontade de Deus, tenho certeza que Ele enviará outro ônibus de oportunidade de ouro para pegá-los e levantá-los, levantar os seus espíritos, encorajá-los, inspirá-los, fortalecê-los, curá-los e levá-los no poder do Seu Espírito para a gloriosa vitória de seu destino celestial. Continuem acreditando! Rápido! Tenham fé! Peguem o ônibus!
Publicado originalmente em setembro de 1982. Adaptado e republicado em junho de 2013. Tradução Denise Oliveira.
[1] De "Keep On Believing,"[Siga Acreditando] de Frank C. Huston (1871–1959), em tradução livre.
[2] Adaptação de "Keep On Believing," por Lucy Milward Booth e Mildred Duff, 1901, em tradução livre.
[3] Romanos 10:17.
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